Charge do Duke (dukechargista.com.br)
Carlos Newton
Naquela onda de que até nas tragédias sempre se pode extrair algo de positivo, é certo que essa pandemia do coronavirus está obrigando uma mudança de hábitos que pode melhorar as relações entre as pessoas, como sempre acontece nas economias de guerra, quando aumenta o índice de solidariedade humana.
A primeira fase é o pânico da morte, com a espera do abraço da eterna companheira, que nos aguarda desde o momento que nascemos. Porém, daqui a mais alguns dias desembarcaremos na segunda etapa – a sinistra crise financeira que o presidente Jair Bolsonaro tanto procura evitar, na esperança de que o astrólogo terraplanista Olavo de Carvalho esteja certo na teoria de que se tratava apenas de mais uma “gripezinha”.
QUEM SABE? – Nem tudo está perdido. Sabe-se que o coronavírus não representa ameaça à sobrevivência da Humanidade. Não foi nem será a última pandemia, a não ser que os orientais e africanos abandonem o costume de frequentar mercados imundos, na ânsia de comprar animais vivos para transformá-los em requintes de estranhas gastronomias.
Não por mera coincidência, os quatro vírus mais recentes (Ebola, Sars, H1N1 e Covid 19) surgiram desses infectos mercados, que os turistas ocidentais adoram frequentar, por curiosidade mórbida.
O fato mais concreto é que os efeitos econômicos serão arrasadores e o governo alemão já prevê uma recessão de 5% este ano.
SOFRIMENTO BRUTAL – Aqui na sucursal Brazil, que não receberá um cent de ajuda da matriz USA, o sofrimento será brutal, com pesada recessão e aumento do desemprego, o que pode significar novo crescimento da criminalidade, que vinha caindo progressivamente.
A pobreza se alastrará com maior velocidade do que a pandemia. Por isso, nessa economia de guerra, as pessoas terão de ser mais solidárias entre si, como já ocorre nas comunidades pobres. Muitos filhos terão de voltar a morar com os pais, abandonando os sonhos da casa própria e do carro novo. As famílias terão de se recompor.
Planos de saúde serão abandonados, os serviços do SUS ficarão ainda mais sobrecarregados e o mesmo fenômeno ocorrerá com o ensino particular.
SURREALISMO PURO – Diante desse quadro dantesco, será surrealista e revoltante que o Estado continue a remunerar generosamente as elites dos três podres Poderes, beneficiando-as com salários de Primeiro Mundo e extravagantes penduricalhos, com os auxílios moradia, alimentação, creche, educação, paletó, carros oficiais, combustível liberado, motoristas, planos de saúde extensivos a filhos até 33 anos, cartão corporativo, jatinhos da FAB e o tradicional “sabe com quem você está falando?”.
O exemplo tem de partir do presidente da República, que foi eleito para consertar essa bagunça institucional, mas faz olhar de paisagem, porque recebe duas aposentadorias como capitão reformado e ex-deputado, além do salário de presidente, e o total passa de R$ 70 mil, e ainda tem todas as despesas pagas e um cartão corporativo sem limites.
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P.S. 1– Na reforma da Previdência, essa desigualdade social deveria ter começado a ser discutida, mas o presidente preferiu deixar de fora a nomenklatura civil e militar, punindo apenas os servidores subalternos. Agora, o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) enfim apresenta um projeto reduzindo salários, mas somente na fase da covid 19.
P.S. 2– Não mais que de repente, diria Vinicius de Moraes, surge uma pandemia para lembrar aos governantes que eles têm obrigação de serem justos. É para isso que são eleitos. Mas quem se interessa? (C.N.)Posted in C. Newton
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