quinta-feira, 31 de outubro de 2019

Somente salário e emprego podem humanizar a distribuição de renda no país


Charge do Ivan Cabral (ivancabral.com)

Pedro do Coutto

O título deste artigo, na minha opinião, reflete uma realidade indiscutível, porque tanto o emprego quanto o salário são fatores da tão falada e pouco praticada redistribuição da renda no país. Não há outro caminho em termos de ampliar a capacidade de consumo da população brasileira, que é passo inicial das tentativas de fazer o próprio povo contribuir para elevar os níveis de consumo. Fora daí qualquer tentativa ficará condicionada às promessas de sempre.

As promessas estão sempre presentes nas campanhas eleitorais e também nos simpósios que reúnem técnicos de política econômica. Porém elaborar proposições inatingíveis não é difícil porque elas nascem e dormem nas telas dos computadores de hoje. Este lado da questão é o que distancia a intenção e sua realização concreta.

DESEMPREGO

Não se pode falar em redistribuir a renda quando o país tem uma taxa de desemprego superior a 12%. Esses 12% recaem sobre a mão de obra ativa brasileira que reúne 100 milhões de homens e mulheres.

Reportagem de Adriana Fernandez e Idiana Tomazelli, edição de quarta-feira, O Estado de São Paulo, destaca um esforço da equipe econômica do ministro Paulo Guedes para tentar blindar os novos projetos de reformas que se voltam para cortar gastos públicos, entre eles a reforma administrativa e a reforma tributária. A equipe econômica deseja que sejam aprovados os textos que vão para o Congresso Nacional. Dupla ilusão.

Em primeiro lugar a Câmara dos Deputados e o Senado Federal mão devem ser incluídos na lista de carimbadores de iniciativas irradiadas pelo Palácio do Planalto. Em segundo Lugar verificamos que o Ministério da Economia volta-se somente para cortar despesas, e não se preocupa em aumentar as receitas.

DESIGUALDADE – Mas falei em redistribuição de renda. Para essa redistribuição não bastam medidas assistencialistas como o Bolsa Família e Minha Casa Minha Vida. São benefícios na medida em que não acarretam o indispensável aumento da produtividade. Nem são capazes de influir significativamente nos níveis de consumo.

Para os níveis de consumo, o caminho único e direto é o que transforma o emprego e a renda do trabalho em vértices capazes de alterar o desenvolvimento social, ao lado do desenvolvimento econômico, o que infelizmente não se inclui entre as cogitações do Ministério da Economia.

Não adianta nadar contra a maré. É preciso que o esforço nacional inclua como seu objetivo principal aumentar de forma efetiva a renda dos assalariados, entre os quais se incluem os funcionários públicos e os empregados das empresas estatais.

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