Andréa Beltrão interpreta “Hebe – A Estrela do Brasil”
Pedro do Coutto
O filme é muito bom, o desempenho melhor ainda da atriz Andrea Beltrão revivendo a cantora e apresentadora Hebe Camargo, que marcou época na televisão brasileira. Agora a interpretação de Andrea assegura a Hebe Camargo um lugar de destaque na arte, no tempo e na tela do cinema. Vale a pena assistir ao filme e sentir a força da intérprete que revive não só uma estrela mas seu brilho no tempo.
Não são muitas as personalidades que aparecem e desaparecem ao término de suas vidas. Hebe está presente na consciência e no coração que se torna testemunho de sua passagem e de seu talento.
VIDA E ARTE – Hebe Camargo fez muito sucesso como cantora, mas principalmente brilhou como apresentadora nas telas da vida e do conflito no limite pouco evitável entre sua personagem e sua vida familiar.
Não foi o único caso da contradição entre a vida e a arte. Um precedente que vale a pena citar foi o da cantora e atriz Judy Garland cujo brilho ofuscou e atingiu seu casamento. Trata-se do filme “Nasce uma estrela”, que focaliza quase a impossibilidade da convivência entre a atriz e seu marido Norman Meine. Por coincidência o diretor do filme, Vincente Minnelli, se casaria com ela. Mas esta é outra história.
Hebe Camargo destacava-se muito por sua simpatia. mais até do que a beleza de sua voz. E assim foi percorrendo a estrada do sucesso, por contradição colidindo com sua vida privada. Sob este aspecto é que o filme se torna um drama.
DIFICULDADES – Entretanto, a obra destaca também impasses na sua vida artística. Por exemplo, sua passagem pela Rede Bandeirante de televisão, cortada pela dificuldade que enfrentou ao mesmo tempo contra a censura imposta pela ditadura político militar e igualmente pela pressão exercida por Walter Clark, então diretor geral da Band. Walter Clark fora antes diretor geral da Rede Globo de TV. Nesse posto só armou decepções e conflitos.
Entre esses conflitos, destacou-se o decorrente das críticas de Hebe ao Congresso Nacional, chamando atenção para o pouco rendimento do Congresso Nacional, nos idos de 1988, pouco antes da promulgação da Constituição brasileira.
Assim, defrontou-se ao mesmo tempo com três escalas de problemas. Isso foi o percurso que a atriz percorreu antes de ser contratada pelo SBT.
CONVIDADOS – No SBT deparou-se novamente com dificuldades. Mesmo assim convidou para entrevistas o cantor Roberto Carlos, Chacrinha em ocasiões seguidas.
O convite a Roberto Carlos despertou forte ciúme em seu então marido que se sentiu atingido pela forma com que o cantor e a atriz apresentaram-se ao público. Foi uma sequência inclusive muito bonita que ressaltou um afetuoso encontro.
E dessa forma sua vida conjugal tornou-se impossível pela agressão contra ela de forma irrecuperável.
A INTÉRPRETE – Mas a história, isso é importante encontrou em Andrea Beltrão a intérprete essencial. Ela viveu a verdadeira Hebe Camargo a ela assegurando uma bela posição na arte popular brasileira.
Fecha o filme com a voz da própria Hebe cantando a canção de Mário Lago e Custódio Mesquita, “Nada Além”. Nada além de uma ilusão. Nesse momento final o encontro da imagem da atriz com a voz da própria Hebe. Sua interpretação fecha a narrativa para sempre nas telas da vida e da arte.
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