Por GloboEsporte.com — Cuiabá, MT
20/08/2019 22h00
Confirmado o W.O.! O árbitro Pathrice Maia apita o "início e o fim" do jogo!
Os jogadores do Figueirense cumpriram a ameaça e não entraram em campo para enfrentar o Cuiabá na noite desta terça-feira, na Arena Pantanal, em jogo válido pela 17ª rodada da Série B do Campeonato Brasileiro. O motivo é o protesto pelos salários atrasados. Com isso, o Cuiabá venceu por W.O. (placar de 3 a 0), ficando com os três pontos da partida.
Segundo Cristiano Dresch, vice-presidente do Cuiabá, os torcedores que pagaram pelo ingresso poderão fazer a troca para o jogo seguinte do time como mandante na Arena Pantanal, contra o Botafogo-SP, na sexta-feira.
Como foi o W.O.
Por volta das 20h20, com 50 minutos de atraso em relação ao cronograma inicial, os jogadores do Figueirense deixaram o hotel em direção à Arena Pantanal. No vestiário, permaneceram por 40 minutos, enquanto os atletas do Cuiabá realizaram o aquecimento no gramado. Na sequência, voltaram ao veículo e foram embora, sem dar entrevistas.
O árbitro da partida, Pathrice Wallace Corrêa Maia, seguiu o protocolo e aguardou 30 minutos, mas os jogadores da equipe catarinense não foram ao gramado. Maia, então, determinou o fim da partida. O caso será relatado na súmula.
A paralisação do elenco do Figueirense começou na tarde da última sexta, quando os jogadores não se reapresentaram após a derrota por 1 a 0 para a Ponte Preta. A atitude se repetiu no fim de semana.
No domingo, por meio de nota, a diretoria afirmou que quitaria o salário CLT de julho e os dois meses de direitos de imagens em atraso no próximo dia 28 de agosto. Na sequência, os atletas rebateram o comunicado e exigiram o pagamento até esta terça – se não recebessem, não entrariam em campo, como de fato ocorreu.
Posição do clube
Minutos após o W.O. ser confirmado, a diretoria do Figueirense se pronunciou por meio de nota. Confira abaixo:
O Figueirense Futebol Clube comunica que a decisão de promover o W.O. na partida da Série B do Campeonato Brasileiro desta terça-feira, 20 de agosto, contra o Cuiabá, em Mato Grosso, é exclusiva dos jogadores profissionais relacionados para o confronto.
Vale ressaltar que a comissão técnica se apresentou normalmente para a disputa e o setor de logística do Alvinegro promoveu todos os procedimentos prévios para entrada em campo dos atletas.
E agora?
O Figueirense agora fica sujeito a punições em duas frentes: pela CBF e pelo STJD. Como foi o primeiro W.O. do time, a punição será a derrota na tabela (por 3 a 0) e multas. Em caso de reincidência, o clube fica sujeito a ser excluído da competição.
Imediatamente, a CBF aplica as punições previstas no RGC (Regulamento Geral das Competições): Derrota por 3 a 0 na partida - Multa de R$ 5 mil
Se o W.O. ocorresse num jogo como mandante, o Figueirense também perderia a renda da partida.
O artigo 58 do RGC deixa claro que a estas punições se somam outras previstas pelo CBJD (Código Brasileiro de Justiça Desportiva), que são aplicadas pelo STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva).
O Figueirense muito provavelmente será denunciado em dois artigos: o 203 ("deixar de disputar partida sem justa causa") e o 191 "(deixar de cumprir regulamento").
Nos dois casos, a pena é a mesma: multa de R$ 100 a R$ 100 mil. Ou seja: além dos R$ 5 mil pela CBF, o Figueirense está sujeito a ser multado em até R$ 200 mil pelo STJD.
A CBF também considera cumpridas todas as suspensões automáticas e outras penas impostas pelo STJD ao rival do Figueirense no jogo do W.O. Ou seja: se um jogador do Cuiabá acumulou três cartões amarelos e não enfrentou o Figueirense, a CBF considera a punição cumprida. O mesmo vale para quem tinha alguma outra pena a cumprir.
Vale lembrar que, em 2017, o Mogi Mirim perdeu por W.O. um jogo contra o Ypiringa (RS) pela Série C. O clube foi declarado derrotado por 3 a 0 e punido pelo STJD com R$ 1 mil pelo STJD – R$ 500 para cada um dos dois artigos descumpridos do STJD.
Jogadores do Cuiabá perfilados para o hino nacional, enquanto os do Figueirense nem subiram ao gramado da Arena Pantanal — Foto: Olímpio Vasconcelos
Entenda a crise do Figueirense
O direito de imagem do elenco não é pago desde maio, enquanto o mês de julho, referente ao vencimento em carteira, também está pendente. Há, ainda, o não recolhimento de FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço). Denis conseguiu a rescisão indireta com o Figueirense no início do mês por este motivo. Dias depois, o clube derrubou a liminar concedida ao goleiro.
Uma notificação extrajudicial, assinada por 31 jogadores, foi enviada ao presidente da Elephant (gestora do futebol do clube), Cláudio Honigman, no domingo. Nela, o elenco manifestou a intenção de não treinar ou jogar até que os acertos sejam realizados. O clube, por outro lado, trata a paralisação como "falta ao trabalho".
Pelas redes sociais, os atletas se manifestaram. Na sexta, foi postada a imagem do escudo do Figueirense num fundo preto e a frase: "Paramos hoje, pela sobrevivência do amanhã". No dia seguinte, a mensagem relatou pressão e ameaça da diretoria para a retomada dos treinamentos. Além disso, todos colocaram a frase "somos todos líderes".
Em julho, o elenco ficou sem treinar por alguns dias pelo mesmo motivo. Na ocasião, o presidente prometeu quitar as pendências financeiras. A promessa evitou a possibilidade de W.O. diante do Vitória. Em seguida, a Elephant assinou um termo de compromisso com o Conselho Deliberativo do clube, garantindo que os atrasos iriam acabar. O aditivo no contrato não teve os termos divulgados.
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