Por ETIENNE JACINTHO
24/08/19 - 03h04
Cena do espetáculo 'Portmanteau', que está no Festival Mundial de Circo
Foto: Luis Sartori/Divulgação
Em versão reduzida, o Festival Mundial de Circo inicia hoje, em Belo Horizonte, a sua 19ª edição, no Galpão Cine Horto. Segundo Fernanda Vidigal, coordenadora do evento, neste ano, por conta das mudanças nas esferas estadual e federal, a captação de recurso para as artes ficou complicada, não só para a organização do festival, mas também para artistas e companhias circenses. Assim, o tradicional evento, que já faz parte do calendário artístico da cidade, ficou menor, mas, nem por isso, menos relevante.
“Mesmo sem muito recurso, decidimos fazer o festival, pois ele nunca foi interrompido”, conta Fernanda. “É importante mantê-lo vivo até com esse propósito de estimular a produção circense e levar isso para o público. E acho que estamos cumprindo nosso objetivo, por menor que a edição deste ano seja”, atesta.
Para essa edição, a organização decidiu priorizar duas características que definem esses 19 anos: mostrar a produção circense atual e criar oportunidade de visibilidade para artistas que não têm um espetáculo montado, mas possuem números circenses.
“Abrimos chamamento público e tivemos 70 inscrições de artistas do Brasil e até do exterior. Entre eles, escolhemos quatro e criamos um espetáculo”, explica Fernanda. Entre esses artistas está a argentina Ile Pastorino, que resgata a técnica clássica da suspensão capilar. Presa pelos cabelos, ela realiza acrobacias impressionantes no ar.
Além dos artistas circenses, foram convidadas mulheres do cenário das artes de Belo Horizonte para compor o espetáculo que tem direção de Chico Pelúcio. “Há um grupo de percussionistas, uma poetisa que faz slam (Pieta) e uma dançarina de break (Silvia Kamyla)”, conta Fernanda. Essas artistas serão as atrações durante os intervalos entre um número circense e outro. O espetáculo, intitulado “Mostra de Cenas Circenses”, abre a programação do festival hoje e amanhã.
Já no outro fim de semana, o evento apresenta o espetáculo “Portmanteau”, criado pelo mineiro Luis Sartori do Vale na Finlândia, país onde vive. “É um espetáculo que tem um visual muito interessante e mistura isso com dança, circo e música. É um trabalho muito plástico e bem bonito”, fala Fernanda. “Acho importante trazer para o festival esses artistas que saíram daqui de Belo Horizonte para o mundo”, afirma. “Portmanteau” será apresentado nos dias 31 de agosto e 1º de setembro.
Durante o festival, haverá uma oficina de acrobacias com Pedro Sartori do Vale, voltada a pessoas que já têm noções da arte, na Brava Escola de Circo, nos dias 27, 28 e 29 de agosto.
O artista hoje é ‘múlti’, e o cenário atual favorece os brasileiros
Para Fernanda Vidigal, coordenadora do Festival Mundial do Circo, é importante trazer espetáculos e artistas que apresentem diferentes técnicas e tipos de show. “Acho que o circo sempre trabalhou com a mistura de linguagens, com a música, o teatro, a dança e até a tecnologia. É natural para o circo incorporar diversos elementos”, fala ela. “O artista hoje é ‘múlti’.” Mostrar esse leque de expressões é essencial para a formação da plateia e do artista, uma vez que o Brasil, segundo ela, está “aprendendo” a arte do circo.
“A primeira escola de circo do Brasil surgiu somente em 1980. Fizemos o primeiro festival aqui em 2001”, conta Fernanda. “Antes havia as famílias circenses. Hoje, o cenário está mais amplo”, afirma.
A popularidade dos grandes circos – Imperial da China, Cirque Du Soleil – fez com que a imagem do tradicional modelo “lona e picadeiro” fosse diluída, e, agora, os novos espetáculos estão transformando novamente a experiência circense. “O Brasil pode se destacar muito nesse cenário, porque o artista brasileiro tem criatividade e molejo. Os europeus são bons tecnicamente, mas falta essa energia do brasileiro”.
Agenda
Palco
Mostra “Cenas Circenses”: (hoje, às 21h; e amanhã, às 19h) e espetáculo “Portmanteau”. Dias 31 de agosto, às 21h; e 1º de setembro, às 19h. No Galpão Cine Horto (rua Pitangui, 3.613, Horto). Ingressos: R$ 15 (meia-entrada) e R$ 30.
Oficina de Acrobacia (para iniciados)
Dias 27, 28 e 29, das 9h às 12h, na Brava Escola de Circo (rua Kepler, 810, Santa Lúcia). Grátis. Inscrições pelo site.
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