German/Falcon
Publicado em 25/08/2019 - 10:18
Por Juliano Justo - Repórter da TV Brasil Lima
Cinco vagas nos Jogos Paralímpicos de Tóquio e 19 medalhas. Esse é o saldo do tênis de mesa brasileiro nas disputas individuais dos Jogos Parapan-Americanos Lima 2019. Dos 30 integrantes da equipe brasileira, mais de 60% deles subiram ao pódio, nesta primeira parte das competições. Os torneios de equipes começam hoje (25).
As medalhas de ouro, o grande objetivo, já que colocam os mesatenistas nos Jogos de Tóquio. E vieram em cinco classes: SM7, com Paulo Salmin; SF4, com Joyce Oliveira; SF8-10, com Danielle Rauen; SM10, com Carlos Carbinatti e, SM8, com Luiz Filipe Manara.
Família Manara em festa com bicampeonato
A final da classe SM 8 contra Steven Roman, da Costa Rica, foi o jogo mais difícil dos cinco que o paulista Luiz Manara fez até chegar ao bicampeonato. “Nunca tinha estado em um mesmo campeonato que ele. São saques muito eficientes e bolas com muito efeito. Consegui jogar em um nível bem alto que há bastante tempo eu não jogava “, comemora o campeão.
A vitória final por 3 sets a 1 foi acompanhada por um ginásio praticamente lotado na Vila Desportiva Nacional, em Lima.
Em muitos momentos do jogo, só se ouviam gritos e comemoração de um casal. O pai do atleta, Luiz Carlos Manara, e a mãe, Eliana Ester Manara.
“O coração está a mil. A gente acompanha o “Manara” há muito tempo. Estivemos em Toronto, quando ele ganhou dois ouros, nos Jogos do Rio, e agora aqui, em Lima. Foi uma felicidade imensa. Nós somos uma família muito unida, tenho dois filhos. Todo pessoal lá da nossa cidade está torcendo por ele”, diz a mãe, orgulhosa.
“As vitórias são sempre sofridas, no sufoco. Mas nós sabemos que ele sente muito mais tranquilo e confiante com a gente aqui por perto”, completa o pai, Luiz Carlos. “As minhas vitórias, o meu empenho e toda a minha dedicação vão ser sempre para eles; meus pais merecem demais. Talvez até mais do que eu”, agradece o bicampeão, Manara.
Depois do ponto final e da tão esperada vitória, Manara pulou as placas publicitárias e foi direto abraçar os pais, pegar uma bandeira e partir para inflamar a parte da arquibancada que ficou sensibilizada com a garra e dedicação do brasileiro. “É totalmente espontânea a festa. Quando eu ganhei em Toronto já queria muito ter ido lá, abraçar meus pais. Só que, lá naquele no momento, acabou não acontecendo. Mas, hoje, estar aqui, poder abraçar meus pais e fazer essa festa foi demais.”
A mãe do atleta destacou a união dos demais membros da seleção brasileira. “Todos que acabaram ficando pelo caminho no torneio estavam lá e fizeram parte dessa festa.”
Deficiência e apoio familiar
Devido à falta de oxigenação no cérebro durante o parto, o Luiz Felipe Manara teve com dificuldades de movimentação no lado direito do corpo.
O tênis de mesa surgiu na vida dele como forma de fisioterapia, após duas cirurgias. Depois dos Jogos do Rio de Janeiro, o garoto acabou não conseguindo se manter na Seleção Brasileira. Chegou até a pensar em parar de praticar a modalidade. Mas o apoio familiar foi mais forte.
“Eles sempre fizeram tudo por mim. Ano passado, eu decidi voltar a treinar forte e tentar a vaga na seletiva brasileira. A minha mãe e o meu pai me deram total apoio e hoje estou aqui festejando com eles”, lembrou.
Em São Paulo, em dezembro passado, durante a Seletiva, Manara precisou ser o primeiro para se garantir no Parapan. E o que o pai do garoto fez? Incentivou. “Ele tinha que ser o melhor entre todos os atletas da classe 8 no Brasil. Mas uma das coisas que a gente sempre fala para ele é que quem quer ser campeão tem que ganhar de todo mundo.”
E foi isso que ele fez em São Paulo, na Seletiva, e agora, em Lima. O ouro nos Jogos Parapan-americanos colocou o Luiz Manara na segunda Paralimpíada. E fez os pais começarem a mudar de ideia sobre qual vai ser o próximo destino da próxima viagem do casal.
“Não sei, vamos ver. Talvez no ano que vem a gente vá mais longe ainda. Estou começando a pegar o “gostinho””, projeta Eliana. O pai confirma: “desde que a gente veio para cá, ela estava falando que não iria para Tóquio. E agora já até postou Rumo a Tóquio, no Facebook.”
Edição: Maria Claudia
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