terça-feira, 6 de setembro de 2011
Atravessar o Rubicão
Apesar de não ser muito utilizada no quotidiano, a expressão "atravessar o Rubicão" existe há centenas de anos. O seu significado remonta ao ano 49 aC, onde um dos mais famosos generais de toda a História, atravessou o Rubicão.
O Rio
Rubicão era o nome antigamente utilizado para designar um curso de água na Itália Setentrional, que corria para o mar Adriático, a pouca distância a norte de Ariminium (Rimini). O actual rio Rubicão, que nasce perto de San Marino, é, normalmente, identificado com o antigo Rubicão.
O rio era considerado como a materialização do limite sul da Província da Gallia Cisalpina ao norte, separando-a da Itália, propriamente dita, ao sul.
Na época do império romano, este rio tinha uma importância notável: a lei romana proibia que o rio Rubicão fosse atravessado por qualquer legião do exército romano; dessa forma, a lei assim protegia a República de ameaça militar interna.
Antes da travessia
A crescente popularidade de Júlio César entre o povo e o aumento do seu poder depois dos seus sucessos na Gália, fez com que os seus inimigos, influenciados por Catão, o Jovem,tentassem arruiná-lo politicamente. Assim, tentaram arrebatar-lhe o cargo de governador da Gália, para posteriormente julgá-lo, desencadeando uma profunda crise política, que viria a inundar de violência e crueldade nas ruas de Roma.
Júlio César
Em 50 a.C., o senado aprovou uma moção para que César deixasse o cargo de governador. Marco António, com o poder de tribuno do povo, vetou a proposta.
Marco António
Após a famosa votação, teve início uma violenta perseguição a César e a todos os seus partidários, patrocinada pela facção conservadora do senado. Quanto a António, este havia deixado Roma perante a altíssima probabilidade de ser assassinado.
Sem a oposição do senado, António declarou estado de emergência, concedendo poderes excepcionais a Pompeu. Quanto a César, este respondeu com uma famosa cruzada, atravessando o rio Rubicão.
Pompeu
Uma travessia ditou a guerra civil
No dia 11 de Janeiro de 49 a.C., o general e estadista romano Caio Júlio César tomou uma decisão radical: atravessar o rio Rubicão, seguido pelo seu exército, transgredindo claramente a lei do Senado que determinava o licenciamento das tropas todas as vezes que o general de Roma entrasse em Itália pelo norte.
Júlio César sabia que a partir do momento que concluísse a travessia, ou conquistava Roma, ou seriam esmagados por Pompeu. Esta atitude fez rebentar uma guerra civil, a segunda da República Romana, desta vez levando ao confronto Júlio César versus Pompeu.
Nessa ocasião, segundo o historiador Suetonius, Júlio César terá proferido a também famosa frase latina “alea jacta est”, significando: a sorte está lançada!
De certa forma, foi a travessia deste rio por Júlio César com suas legiões que, ao precipitar uma guerra civil na República Romana, finalmente conduziu ao estabelecimento do Império Romano.
"Atravessar o Rubicão", o significado
Esta expressão passou então a significar a tomada de uma decisão que se traduzirá numa perigosa empresa, pensar em grande, ou ainda, ultrapassar fronteiras, defrontando-se com um caminho duvidoso e potencialmente perigoso.
O destino do Rubicão
A província da Gallia Cisalpina foi anexada à Itália no ano 42 AC, como parte do programa de “italização” de Otávio (Imperador Augustus) durante o Segundo Triunvirato. A partir desse momento desapareceu a importância do Rubicão como limite geográfico, deixando de representar a linha de fronteira do extremo norte da Itália. Esta decisão de Augustus fez com que o Rubicão perdesse muita importância e, enquanto as memórias caiam no esquecimento, o nome “Rubicão” gradualmente desapareceu da toponímia local.
Hoje, muito pouca evidência existe da passagem histórica de César. Savignano Sul Rubicone, cidade banhada pelo antigo Rubicão, é uma cidade industrial e o rio tornou-se um dos mais poluídos da região de Emilia-Romagna. O velho Rubicão acabou perdendo, além da fama, o seu próprio curso natural.
Fontes:
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