Por Caroline Delgado e Fellype Alberto, G1 Zona da Mata
12/06/2019 16h49
Internauta mostrou conversa em acusa vereador Castelar de injúria racial em Juiz de Fora — Foto: Caroline Delgado/G1
O vereador Wanderson Castelar (PT) foi denunciado por injúria racial pela internet contra Renato da Silva Gonçalves, de 34 anos, em Juiz de Fora. O caso está sendo investigado pela Polícia Civil e foi anunciado em entrevista coletiva na tarde desta quarta-feira (12).
O G1 entrou em contato com o vereador e aguarda retorno.
Castelar, no entanto, usou a tribuna da Câmara Municipal para afirmar que a acusação é infundada. "Recebo essa acusação com estranheza, tristeza e surpresa. Especialmente de uma pessoa ligada a mim e que por diversas trabalhamos juntos", destacou.
"Jamais fiz uma injúria racial na minha vida. Tenho alinhamento com os movimentos negros e muitas vezes nesta Casa defendi projetos contra a discriminação racial", completou. O vereador disse ainda que está disposto a renunciar ao mandato se os movimentos negros entenderem que ele realmente cometeu injúria neste caso.
Vereador Wanderson Castelar — Foto: Reprodução/ TV Integração
De acordo com o delegado responsável pelo inquérito, Rafael Gomes, o homem, que é morador do Bairro Monte Castelo, fez a denúncia nesta terça-feira (11). Ele contou à polícia que o vereador o ofendeu durante uma conversa através de um aplicativo de celular.
"A vítima nos relatou durante o depoimento, que ele observou pela redes sociais uma postagem falando sobre a Reforma da Previdência. E teria dito ao vereador - via inbox - que ao vez dele se preocupar com o Governo Federal, seria mais justo o legislador se preocupar, por exemplo, com a situação do bairro dele".
Ainda segundo Rafael Gomes, após a mensagem, o vereador se tornou agressivo e passou a proferir diversas mensagens de cunho mais ofensivo. Como: “preto, pobre e do subúrbio, que apoia o Bolsonaro”, alega.
O delegado informou que o vereador prestou depoimento na manhã desta quarta. Conforme Gomes, o legislador contou que "quis dizer que as pessoas que são pobres, pretas e moradores de subúrbio não deveriam apoiar o atual governo".
Delegado Rafael Gomes divulgou informações em coletiva de imprensa em Juiz de Fora — Foto: Caroline Delgado/G1
Gomes afirmou ainda que o celular do denunciante foi encaminhado para análise da perícia e que o prazo para conclusão do inquérito é de 30 dias. Novas ações da investigação estão previstas para os próximos dias.
"Me senti ofendido"
Em entrevista ao G1, Renato da Silva Gonçalves, contou que fez um comentário que o vereador deveria fazer um ato de capina no Bairro Monte Castelo em vez de se preocupar com o governo Bolsonaro. "Após isso, ele veio com agressividade, falando tudo que ele queria, e me chamou de preto, pobre e favelado. Me senti ofendido".
Conforme Renato, depois de cinco horas, o vereador mandou mensagem pedindo desculpas sobre o ocorrido.
"Infelizmente eu não vou aceitar, pois a gente passa cada coisa nessa vida, a gente aceita tanta coisa e todo mundo fala assim 'inclusive esposa, mãe, falam para deixar para lá', toda vida a gente vai ficar nessa? Uma hora alguém tem que pagar".
Ainda durante a conversa com a reportagem, Gonçalves contou que a mãe dele é amiga do legislador e que conversa muito com ele. Ambos, moram no mesmo bairro. "Não dormi direito, e pensei o que eu ia fazer. Cheguei nesta decisão de falar e desabafar. Ela está me apoiando".
Finalizando, o homem ressaltou que o caso dele deve servir de exemplo para outras pessoas. "Ninguém deve mexer com a gente. Sou preto, pobre e favelado com muito orgulho", finaliza.
G1 Zona da Mata
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