segunda-feira, 3 de junho de 2019

Traficantes do Sumaré dominam ponto de venda de drogas na UFMG, diz polícia

Por CAROLINA CAETANO
03/06/19 - 17h14
CIDADES BH MG: Na última semana, suspeitos foram presos por venda de drogas no local REITORIA FOTOS: DENILTON DIAS / O TEMPO / 26.05.2014
Foto: DENILTON DIAS / O TEMPO

A menos de sete quilômetros da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) está o aglomerado Sumaré, na região Noroeste de Belo Horizonte, um dos principais da capital. E é nele, segundo a Polícia Civil, que estão os traficantes que comandam venda de drogas na instituição de ensino, conforme informou o delegado Rodolpho Tadeu Machado, na tarde desta segunda-feira (3). A fragilidade no controle de acesso à universidade fez com que os bandidos tivessem "passe livre" no local.

"A investigação teve início com o Philipe, vulgo Logaritimo. Antes de ser cumprido o mandado de busca na UFMG, o Philipe foi preso pela Polícia Militar. E a Polícia Militar já tinha indícios que ele estava indo à Sumaré buscar entorpecentes para vender na UFMG, o que confirmou com as investigações nossas que estavam em andamento. Nós descobrimos também que ele tinha contato com traficantes da Sumaré", explicou o delegado do Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico (Denarc).

Segundo a polícia, Philipe Augusto da Silva teria a função de gerenciar o ponto de vendas dentro da federal para os criminosos. Os bandidos do aglomerado estariam agindo como se tivessem uma "empresa". 

"O exercício do tráfico é dividido em fases. Então você tem a produção, preparação para a vendas, transporte - como se fosse um produto lícito. Todos os telefones dos alvos apreendidos têm autorização para a quebra de dados. E nessa quebra de dados tivemos informações contundentes de alunos comprando drogas nas mãos dos investigados. Também conseguimos trocas de informações entre traficantes a respeito de quantidade, se teve muita saída de entorpecente no dia ou não, preparação do produto e venda, como se fosse uma empresa comum", afirmou.

Drogas sintéticas
Ainda de acordo com a Polícia Civil, há indícios que laboratórios da UFMG seriam usados para a preparação de drogas sintéticas. No ano passado, ainda conforme a corporação, o Denarc prendeu um químico que usava os laboratórios. "Nas investigações agora de março, chegamos ao investigado Matheus Lopes Ângelo, o "Matchola".

"Todos os elementos apontam que o Matheus usava o laboratório de lá. A gente tem um traficante associado a ele que durante a entrevista confirmou isso para a gente. Diretamente, o Matheus não teria envolvimento com o pessoal da Sumaré. Digamos que ele seria o traficante de 'outro patamar'. Ele tem o conhecimento técnico para produzir drogas sintéticos. Inicialmente, ele trabalhava sozinho e fornecia para esses traficantes que realizavam a venda. Seriam vendas bem específica, sob demandas", afirmou o policial. 

O que diz a UFMG
Por meio de nota, a UFMG afirmou que está em contato com as autoridades policiais para apoiar o processo de apuração dos fatos e que “a Administração Central dará o apoio necessário para a implementação das medidas aprovadas pela Congregação da Fafich". 

A universidade afirma que não pactua com práticas ilegais e que ferem a dignidade humana” e “expressa ainda o compromisso institucional da Universidade pública com o reconhecimento dos direitos humanos e com a prática dos valores democráticos, e conclama toda a comunidade à convivência sempre respeitosa, responsável e pacífica, bem como ao permanente empenho pela construção de espaços sociais e acadêmicos saudáveis e seguros”.

Apesar da Polícia Civil afirmar que drogas sintéticas eram produzidos em laboratório da universidade, a instituição afirma que "não há registro de que laboratórios de química estejam sendo usados indevidamente. De acordo com o professor Ruben Dario Sinisterra Millán, chefe do Departamento de Química, é improvável que laboratórios do Departamento sejam usados para o processamento de drogas ilícitas. Segundo ele, há controle de acesso por meio de catracas, e a entrada nos ambientes é inspecionada por servidores – docentes e técnicos administrativos. Os espaços ficam fechados quando não estão sendo utilizados durante aulas práticas".

Ainda conforme o comunicado, em relação ao livre acesso no campus, a UFMG alega que "Já existe uma comissão do Conselho Universitário, presidida pelo professor Maurício Campomori, diretor da Escola de Arquitetura, que está discutindo os processos de uso e cessão dos espaços para as entidades estudantis. O objetivo do trabalho é regular e normatizar a utilização desses locais, situados dentro das instalações da Universidade". 

Ex-alunos
Segundo a UFMG, o químico preso ano passado e Matchola "tiveram suas respectivas matrículas ativadas no sistema da Instituição, mas ambos não concluíram suas respectivas formações acadêmicas. Ambos já estavam desligados da UFMG no momento das prisões". 

Atualizada às 18h23
Jornal OTempo

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