Por G1 Minas — Belo Horizonte
04/01/2019 08h45
Romeu Zema fala sobre os desafios do governo de Minas Gerais
O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), afirmou nesta sexta-feira (4) que o 13º salário dos servidores estaduais será parcelado e que fará o “possível e o impossível" para que o pagamento seja feito neste ano. A declaração foi dada nesta manhã em entrevista exclusiva ao GloboNews em Ponto.
“Nós vamos fazer de tudo. O possível e o impossível. E, tão logo a renegociação com o tesouro nacional seja levada adiante, com toda a certeza isso vai ser possível. E eu quero priorizar esse pagamento. É um direito do funcionário público e não quero que ele fique com isso aqui em aberto. Vamos fazer de tudo para que isso seja pago durante o decorrer deste ano, mas não quero afirmar isso agora, porque os dados estão sendo levantados”, destacou.
O último governo terminou o ano sem pagar o 13º ao funcionalismo público. Na última sexta-feira (28), a gestão de Fernando Pimentel (PT) informou que a situação seguia indefinida. Na quarta-feira (2), Zema disse que o 13º salário dos servidores estaduais não será pago “tão cedo”.
O governador destacou ainda que o “cobertor é muito curto” e que, quando o pagamento do 13º for feito aos servidores, vai deixar de pagar “alguma coisa” às prefeituras, que também está com repasses atrasados. “O cobertor é muito curto. Na hora que você tampa uma parte, você destampa outra. Mas vamos estar tentando conciliar de forma que o impacto seja o menor possível para ambos”, disse.
Zema também comentou a relação entre as propostas do Partido Novo e do presidente Jair Bolsonaro (PSL). “As propostas do Partido Novo e do governo Bolsonaro são extremamente alinhadas. Nós somos um partido liberal. Eu diria que a única coisa que nos difere é que o Bolsonaro tem um discurso um tanto quanto mais exaltado e nós somos mais comedidos. Mas a nossa linha de ação, eu posso dizer, são praticamente idênticas”, analisou.
O governador falou ainda que as empresas estatais não fazem sentido e que o DNA do Partido Novo coincide em 99% com o governo de Bolsonaro.
“Talvez o Partido Novo seja mais liberal ainda na parte econômica. Do nosso ponto de vista as empresas estatais não fazem sentido, principalmente em um país como o Brasil, aonde elas têm sido utilizadas muito mais pela classe política do que atendido à finalidade da população. E talvez o governo Bolsonaro tenha ainda uma visão de que algumas empresas nesse sentido deverão ser preservadas. Mas eu vejo isso como um detalhe pequeno diante do contexto geral. Acho que o nosso DNA coincide em 99,5%. Pouquíssima coisa talvez nós não estejamos alinhados”, acrescentou.
De acordo com Zema, estatais têm sido usadas como instrumento político. Ele citou subsidiárias da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) que não precisam de aprovação da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) para a privatização e falou estar otimista com aprovação na Casa da venda de outras empresas.
“Cemig e Copasa que vão depender realmente de aprovação de assembleia aqui em Belo Horizonte. Mas estou otimista, os prefeitos estão numa situação de penúria aqui em Minas e já solicitaram os seus deputados estaduais que façam o que for melhor em Minas. Então existe aqui esse sentido de união e eu percebo que nós não teremos dificuldade em aprovarmos essas reformas que o estado de Minas tanto precisa”, afirmou.
O governador disse que a renegociação da dívida de Minas com o governo federal pode gerar um alívio de cerca de R$ 7 bilhões por ano aos cofres do estado. Segundo Zema, outra questão que será discutida com o Planalto é a Lei Kandir.
“Nós vamos ter de ver com o governo federal a questão dos estados exportadores no que diz respeito à Lei Kandir. Não ficar falando de passado, mas principalmente do presente. Nós temos muitas empresas exportadoras em Minas que acumulam créditos de impostos estaduais e que o estado não tem condição de ressarci-las”, salientou.
Além da renegociação da dívida, Zema disse que pretende reduzir despesas “como nunca se viu” no estado. De acordo com ele, nos primeiros dias de governo milhares de pessoas foram exoneradas. “Ainda não temos o número exato, esse processo vai continuar, porque há pessoas sem o que fazer, subutilizadas em toda máquina pública, em autarquias”, destacou.
O governador falou que mudanças terão que ser feitas na Previdência em Minas e comentou a declaração de Bolsonaro sobre o assunto. O presidente afirmou nesta quarta-feira (3) que a "ideia inicial" do governo para aprovar uma reforma da Previdência é estabelecer de forma gradativa idade mínima para aposentadoria de 62 anos para homens e 57 para mulheres.
“Ela [Previdência] hoje é a causa do maior rombo nas contas do estado. Vai ser necessário rever alíquotas. Eu ainda não tenho esses números. Isso está sendo levantado pela Secretaria da Fazenda. E com relação à idade que o presidente Bolsonaro propõe, eu a princípio concordo, mas vejo que nós temos de ter uma elevação gradual, que seja um ano a cada cinco anos, ou a cada quatro, porque a expectativa de vida da população aumenta continuamente”, opinou.
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