Maria da Conceição voltou para casa com o marido sem que ele fosse atendido
PUBLICADO EM 15/12/18 - 22h20
CLARISSE SOUZA
A decisão do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, que determinou na noite de sexta-feira (14) o fim da greve dos servidores da saúde no Estado, sob pena de multa diária de R$ 100 mil em caso de não cumprimento, não impediu que a categoria mantivesse a paralisação nesse sábado. Os servidores protestam contra a indefinição sobre o pagamento do 13° salário.
O Sindicato Único dos Trabalhadores da Saúde de Minas Gerais (Sind-Saúde-MG) informou neste sábado (15) que ainda não havia sido notificado da decisão e declarou que uma definição sobre os rumos do movimento só será tomada após assembleia com os profissionais, ainda sem data prevista.
Referência de atendimento na Regional Barreiro, em BH, o Hospital Júlia Kubitschek foi um dos mais afetados neste sábado. Ainda na portaria, pacientes que procuravam o pronto-socorro eram informados de que somente casos de urgência e emergência seriam atendidos. Segundo a Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais, o hospital operou com 50% da capacidade neste sábado.
A operadora de caixa Elizete Aparecida Santos, de 44 anos, nem sequer conseguiu passar pela triagem. “O porteiro falou que estão de greve. Não sei o que eu vou fazer, porque a dor é insuportável”, reclamou a mulher, que chorava por causa de problemas na coluna.
Diretora do Sind-Saúde, Neuza Freitas disse que um ponto final à paralisação só será dado com o aval dos servidores. “Com todo respeito ao Judiciário, a greve é decidida por trabalhadores”.
Sem socorro
A greve fez com que a aposentada Maria da Conceição Cunha, de 77 anos, voltasse para casa sem atendimento para o marido Helis Cunha, de 77, no Hospital Júlia Kubitschek.
O idoso, que tem câncer, estava com pressão alta e vomitando. Na triagem, ele recebeu a pulseira amarela (urgência). “Mas a moça falou que ia demorar a atender”, lamentou a mulher, que desistiu de esperar.
Sem previsão para o 13°
O governo de Minas ainda não tem previsão para pagar o 13° salário dos cerca de 600 mil servidores do Estado. “Estamos empenhados em encontrar uma forma de captação de recursos”, reafirmou neste sábado o chefe de Relações Trabalhistas do governo de Minas, Carlos Calazans. Segundo ele, um plano de pagamento do benefício pode ser anunciado até quarta-feira.
Escala reduzida
Devido à greve dos servidores da saúde, alguns hospitais funcionaram em escala reduzida neste sábado, sendo que parte deles operou só com 30% da capacidade. As unidades mais afetadas pelo segundo dia seguido foram os hospitais Júlia Kubitschek, em BH, Cristiano Machado, em Sabará, na região metropolitana, e o Regional de Juiz de Fora, na Zona da Mata.
Jornal OTempo
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