sábado, 6 de outubro de 2018

Na trajetória de Lula e do PT, aconteceu uma sucessão de erros gravíssimos

Lula escolheu Dilma, mas ela o traiu em 2014

Roberto Nascimento

Não poderia, nesta hora H, deixar de manifestar o que penso desta eleição, cujos erros que elenco abaixo nos deram o efeito do “nós contra eles” e do “eles contra nós”. Mas creio que o povo não admitirá um retrocesso na vida democrática nacional.

Lembro que em 2010 o líder inconteste do PT precisava escolher seu sucessor. Tinha diante de si a difícil decisão entre as figuras mais destacadas e imponentes da sigla, oriundas do entorno paulista do chefe. Podemos destacar os ex-ministros Antonio Palloci e Guido Mantega, assim como os senadores Aloysio Mercadante, Marta Suplicy e Eduardo Suplicy.

ESCOLHEU DILMA – Para surpresa de todos, o então presidente bateu o martelo na cabeça de Dilma Rousseff, que ocupara o Ministério das Minas e Energia e veio suceder a Dirceu na Chefia da Casa Civil. Intuiu o presidente metalúrgico que Dilma tinha pulso forte, era rígida no comportamento e aparentemente sem ambições maiores. E a ungida também devotava ao chefe uma fidelidade canina.

O presidente, um farejador sagaz da alma humana (assim ele acreditava), sabia que os outros candidatos luas pretas tinham um louco apetite pelo poder e que uma vez alçados à categoria de número um, o colocariam para o escanteio, na reserva e até no ostracismo político.

Em parte, o tempo deu razão a Lula. Dirceu cometera todos os erros possíveis e imagináveis, comprometendo a imagem do governo, a própria carreira e o partido. Nesta eleição de 2018, posto em liberdade graças à caneta suprema, anda falando aos borbotões, assustando os eleitores e tirando votos do indicado da vez. E assim Dirceu demonstra cabalmente que não aprendeu nada com os erros do passado.

PALOCCI, O JUDAS – O petista Palloci enriqueceu no poder, desfrutando de todas as glórias e honras, fruto dos cargos nomeados pelo chefe. No entanto, apanhado em toda sorte de ilícitos, agora está entregando todos os companheiros, para receber os benefícios da delação premiada. Mais uma vez, neste aspecto, Lula tinha razão ao não escolher esse Judas do PT.

Quanto aos três senadores, Suplicy era um aloprado total, a ex-mulher Marta se bandeou para o PMDB quando o barco já afundava com furos para todo lado, e Mercadante seguia sempre com o mesmo tema enfadonho. Bingo: a escolha menos traumática para o momento foi mesmo indicar Dilma Rousseff.

Mas foi um desastre incomensurável. Esse erro na escolha acabou se tornando maléfico para o chefe e para o partido. Lula confiava na fidelidade de Dilma e na promessa de devolver a ele o protagonismo e a possibilidade real de sua volta ao poder em 2014. Mas deu tudo errado.

LULA É TRAÍDO – Dilma recusou peremptoriamente abrir mão da candidatura, sob a alegação de que Lula ficara oito no Planalto e ela também tinha direito de pleitear um novo mandato de quatro anos. Lula insistiu, Dilma então ameaçou revelar tudo o que sabia, inclusive o relacionamento dele com sua assessora Rosemary Noronha e as luas-de-mel no exterior como passageira clandestina.

Lula teve de recuar, defender a candidatura de Dilma na convenção do PT e depois lutar para reelegê-la. Conseguiu este intento, mas o governo de Dilma/Mercadante foi um fracasso, surgiu a maquiagem das contas públicas pelo ministro Guido Mantega, dando motivo ao impeachment presidencial. No olho do furacão, a conspiração para a derrubada de Dilma envolveu as cabeças pensantes do PMDB, do PSDB e do Centrão, tendo o vice Michel Temer e seu entorno na comissão de frente do processo de impeachment.

ASCENSÃO E QUEDA – Foi uma lição de vida e do processo político a história da ascensão e queda do líder sindical que chegou ao poder. Mas a vida de uma nação não pode ficar subordinada aos desígnios de um único homem ou mulher, de um rei ou de um ditador, figuras humanas eivadas de subjetividades e erros de interpretação. Quando isso acontece, as consequências nefastas para o povo se apresentam de inúmeras maneiras.

Um fato real é agora a escolha entre dois extremos do cenário político, em meio à crise econômica e ao caos nos serviços de Saúde, Educação e Segurança Pública. Vença quem vencer, o próximo ano não será fácil para ninguém.

Espero que o regime democrático seja respeitado pelo novo governante eleitos pelo povo. A Constituição Cidadã, apelidada assim por Ulysses Guimarães e que completou 30 anos nesta sexta-feira, não pode ser vilipendiada e rasgada por quem quer que seja. Posted in Tribuna da Internet

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