PUBLICADO EM 23/09/18 - 03h00
Segundo o sábio grego, Platão, há duas doenças principais da alma: uma é a loucura, a outra é a ignorância. Prazeres e dores excessivos são graves fatores de desequilíbrio. O caminho do meio é encontrado usando-se de sobriedade, discernimento e espírito de serviço. Não há outra alternativa, por enquanto, neste planeta Terra. Experimentar prazeres ou sofrimentos intensos, como experimenta a maioria dos homens de hoje, leva à loucura, com o tempo; assim terminam quase todos, após insistirem por várias encarnações em preceitos tão falsos.
Ainda segundo Platão, há homens tidos como perversos, mas que na verdade estão loucos. Como podemos perceber, nem sempre a visão interna combina com os conceitos médicos, psicológicos ou sociológicos.
Sabe-se, que ninguém é ignorante e vicioso porque quer, ou pelos motivos que a ciência terrestre supõe conhecer. Se o homem é assim, isso acontece por disposições negativas de certos elementos materiais terrestres que entraram na sua composição na época em que foi formado. Ainda segundo Platão, na vida comum de quase todos, "o homem, de fato, tem o vício como inimigo, mas o vício ocorre-lhe apesar de tudo". Assim o eu interior pode sofrer de grandes limitações em sua atuação no mundo tridimensional por causa do consciente esquerdo, ou lado racional do homem. O intelecto humano já amadureceu o suficiente para perceber essas coisas. Assim, encontrará forças para repelir de si próprio o que achar necessário evitar.
“Mas foi do lado de cima que o Deus construtor suspendeu nossa cabeça e deu a todo o corpo a sua posição vertical”, disse Platão. Mas o homem, desde o princípio, ficou fora das leis: fez uso apenas da parte inferior do seu ser, chegando a desgastá-lo. Segundo Platão, “quando um homem cultivou em si mesmo o amor da ciência e dos pensamentos verazes, quando, de todas as suas faculdades, exerceu principalmente a capacidade de pensar nas coisas imortais e divinas, um tal homem, se vier a tocar a verdade, é sem dúvida um homem necessário que, na medida em que a natureza humana pode participar da imortalidade, dela possa usufruir inteiramente”.
Os sentidos externos foram moldados a partir da influência de ambientes pelos quais a vida do homem foi passando durante a formação do seu ser tridimensional, parte sua que deveria viver sobre a Terra. Superficial, pois, é a capacidade de percepção desses sentidos. Todos os seus órgãos foram feitos em função de uma consciência objetiva e, portanto, precisam ser transformados e dotados de capacidade de interiorização.
Os sentidos serão capazes de levar o homem a perceber o mundo interior, e ele, assim, passará a reconhecer a sua própria condição de espírito. Às pessoas que sabem que o espírito tem um corpo sutilíssimo deve ser dada a oportunidade de aperfeiçoarem ao máximo a percepção interna. As Entidades ou Energias puras apenas gradualmente irão se apresentando sem forma ao homem. Só abandonarão totalmente as formas quando ele deixar de alimentar expectativas. É algo evolutivo, sutilmente educativo, através do qual todo conceito criado no mundo tridimensional a respeito de Instrução cai por terra. A Educação, não consiste na transmissão de conhecimentos teóricos e formais, mas numa ajuda e num estímulo para que o ser interior vá se aproximando, pela própria experiência e íntimo movimento, de realidades cada vez mais profundas.
Ao falecer, no último dia 15, Trigueirinho deixou dois artigos, que estão sendo publicados por O TEMPO neste e no próximo domingo.
Jornal OTempo
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