Charge do Sponholz (sponholz.arq.br)
Reynaldo Turollo Jr.
Folha
O ministro Ricardo Lewandowski, do STF (Supremo Tribunal Federal), autorizou a colunista Mônica Bergamo, da Folha, e Florestan Fernandes Filho, da Rede Minas e El País, a entrevistar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na prisão. Lula está preso em Curitiba desde 7 de abril, após ser condenado em segundo grau na Lava Jato por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
O despacho é desta sexta-feira ( dia 28) em uma reclamação feita pelo jornal. O argumento foi de que, a negar autorização para as entrevistas, a 12ª Vara Federal em Curitiba impôs censura à atividade jornalística e mitigou a liberdade de expressão, em afronta a decisão anterior do Supremo.
CONCLUSÃO – “Não há como se chegar a outra conclusão, senão a de que a decisão reclamada [da Justiça em Curitiba], ao censurar a imprensa e negar ao preso o direito de contato com o mundo exterior, sob o fundamento de que ‘não há previsão constitucional ou legal que embase direito do preso à concessão de entrevistas ou similares’, viola frontalmente o que foi decidido na ADPF 130/DF”, escreveu o ministro.
No julgamento da citada ADPF (arguição de descumprimento de preceito fundamental), o Supremo garantiu “a ‘plena’ liberdade de imprensa como categoria jurídica proibitiva de qualquer tipo de censura prévia”.
AUTODEFESA -“O STF, em inúmeros precedentes, mesmo antes do julgamento da ADPF 130, já garantiu o direito de pessoas custodiadas pelo Estado, nacionais e estrangeiros, de concederem entrevistas a veículos de imprensa, sendo considerado tal ato como uma das formas do exercício da autodefesa”, afirmou Lewandowski.
“Ressalto, ainda, que não raro, diversos meios de comunicação entrevistam presos por todo o país, sem que isso acarrete problemas maiores ao sistema carcerário […] Portanto, permitir o acesso de determinada publicação e impedir o de outros veículos de imprensa configura nítida quebra no tratamento isonômico entre eles, de modo a merecer a devida correção de rumos por esta Suprema Corte”, concluiu.
O ministro determinou que a Justiça em Curitiba seja comunicada da decisão e que agende, em acordo com a Folha, a data da entrevista.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Amigo íntimo de Lula e da família da finada Marisa Letícia, Lewandowski deveria cumprir a lei, declarar-se suspeito e passar a decisão para outro ministro. Mas a verdade é que os ministros do Supremo “revogaram” informalmente as leis e regras que regulam a suspeição, mostrando que no Brasil a Justiça está mesmo esculhambada, apesar das exceções, que sempre existem, na graça de Deus. (C.N.)Posted in Tribuna da Internet
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