Charge do Duke (dukecargista.com.br)
Carlos Newton
Quem manda mais? O presidente da República ou o presidente da Petrobras? Se você ainda pensa que o chefe do governo tem mais poder do que o dirigente da estatal, está completamente enganado. Aqui no Brasil ficou claro que a autoridade maior é o presidente da Petrobras. Em maio de 2017, o executivo tucano Pedro Parente já tinha dado a demonstração de sua força. Quando se especulava sobre a renúncia de Temer, ele “tranquilizou” os empregados da Petrobras, ao divulgar mensagem dizendo que, mesmo se Temer deixasse o governo, ele continuaria presidindo a Petrobras.
E nesta quarta-feira, dia 30, Parente deu nova demonstração de força, ao mandar o Planalto desmentir declarações do próprio presidente da República, e foi obedecido.
CONTRADIÇÕES – Na terça-feira, dia 29, em teleconferência com investidores estrangeiros, falando em inglês, Parente fez questão de afirmar que a autonomia da empresa para determinar a política de preços estava assegurada. “Está mantida, sim, independente da periodicidade, a nossa prerrogativa”, declarou.
Ao mesmo tempo, o presidente Temer dava entrevista à TV. Em relação à política da Petrobras, disse que o governo não quer alterá-la, mas pode reexaminá-la, com muito cuidado. O trecho da fala do presidente bateu de frente com a mensagem de Parente e a assessoria do Planalto fez a tradução simultânea, esclarecendo que Temer realmente dissera: ‘Nós podemos reexaminá-la, mas com muito cuidado’.
No dia seguinte, esta quarta-feira, dia 30, o Planalto divulgou nota oficial desmentindo Temer e afirmando que o governo vai manter a política de preços da Petrobras. “As medidas anunciadas pelo governo para garantir a previsibilidade do preço do óleo diesel, que teve seu valor reduzido ao consumidor, preservaram, como continuaremos a preservar, a política de preços da Petrobras”, disse a nota.
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EXPLICAÇÃO: O PETRÓLEO NÃO É MAIS NOSSO
Para entender o imbróglio, é preciso ler este artigo de Gélio Fregapani, enviado à TI pelo comentarista Francisco Vieira. Um texto pequeno e brilhante, que sintetiza tudo:
“Se o Brasil tem petróleo suficiente até para exportar, se há uma grande empresa petroleira nacional, se essa petroleira refina o próprio petróleo, então porque precisamos pagar preços do mercado internacional?”
A resposta é muito fácil. Desde que se implantou a política antinacional de FHC, a Petrobrás foi obrigada a ter “parceiros” internacionais na exploração dos campos que ela descobriu. Além disso, ele vendeu (doou) 30% das ações da empresa no mercado internacional. A colocação das ações da empresa na Bolsa de Nova Iorque submeteu a Petrobrás automaticamente à soberania, e particularmente, à Justiça norte-americana, sendo que os acionistas podem alegar, a qualquer tempo, perdas devidas a iniciativas da estatal definidas pelo Governo brasileiro, como a própria política de preços exige.
Em paralelo, começaram os leilões de nossas reservas petrolíferas e em muitos campos já não há nem participação minoritária da Petrobrás. Posteriormente, José Serra conseguiu aprovar no senado uma lei que “dispensa” a Petrobrás de ter o mínimo de 30% dos campos do pré-sal por ela descobertos.
Em função dessas medidas fica fácil ver que a Petrobrás não pode precificar o petróleo dela por um preço adequado a realidade brasileira. Ela não é dona dos poços que descobriu em território brasileiro com as tecnologias que ela mesma desenvolveu e quanto mais caro cobrar, maior lucro dará aos acionistas.
Foi a combinação do FHC por ocasião da venda de ações em Nova Iorque que a venda de derivados no Brasil seria por preço internacional e é por isto que ele se recusa a baixar o preço, enquanto ficamos aqui bradando apenas contra a corrupção nos distraímos de outras coisas também importantes e a caravana passa levando o nosso petróleo e o nosso futuro.
Os dirigentes da Petrobrás, com o aval do Presidente, reduziram as cargas das nossas refinarias permitindo a importação de derivados por terceiros, pois com menos derivados próprios fica aberta a porta para a importação. Pior ainda, se desfazem de lucrativas parcelas como a BR Distribuidora e da fábrica de fertilizantes, a única que o Brasil tem. Sendo um dos maiores exportadores do agronegócio do mundo importamos quase a totalidade de fertilizantes usados aqui, Isto é para nós, brasileiros, mais uma vergonha; é uma grave vulnerabilidade.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Gélio Fregapani, coronel do Exército brasileiro, sabe identificar e defender os interesses nacionais. Seu artigo explica tudo e mostra que, desde FHC, o petróleo não é mais nosso. (C.N.)Posted in C. Newton
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