César Cavalcanti
O Círculo de Viena contribuiu decididamente para o aperfeiçoamento científico e filosófico do mundo moderno, tanto no campo das ciências sociais, econômicas, políticas e culturais, alterando significativamente os valores, as crenças e os conceitos individuais, de épocas passadas. Círculo de Viena (em alemão “Wiener Kreis”) foi o nome como ficou conhecido um grupo de filósofos que se juntou informalmente na Universidade de Viena de 1922 a 1936, sob coordenação de Moritz Schlick, físico e matemático.
Esse movimento tinha por finalidade fundamentar a ciência a partir de uma nova concepção que a Filosofia Científica ganhou no século XIX, sob um critério que relacionar a Ciência com a Natureza. Até então, a Filosofia era vinculada à Teoria do Conhecimento, mas, a partir de Hegel (1770 –1831), este vínculo se desfez.
NEOPOSITIVISMO – O Círculo de Viena era composto por cientistas que, apesar de atuarem em várias áreas como Física, Economia, Matemática etc., buscavam resolver problemas de fundamento da Ciência, identificados levantados a partir do descontentamento com os neokantianos (seguidores de Kant) e os fenomenólogos (seguidores de Hegel). Seu sistema filosófico ficou conhecido como o “Positivismo Lógico” ou ainda “Empirismo Lógico” ou “Neopositivismo”.
O líder Moritz Schlick, por exemplo, tentou mostrar o vazio dos enunciados de Kant. Disse ele que, se os enunciados têm uma verdade lógica, então eles são analíticos e não sintéticos. Se a verdade dos enunciados dependem de um conteúdo factual, eles são, portanto, constatados a posteriori e não a priori.
Dessa maneira, Schlick e os demais membros tentaram formular um critério de cientificidade que pudesse ou que tivesse uma correspondência com a Natureza. Por isso, o Círculo de Viena adotou uma forma de Empirismo Indutivista que se utiliza da experiência e de instrumentos analíticos como a Lógica e a Matemática para auxiliar na formação dos enunciados científicos.
VERIFICABILIDADE – Tal critério seria, então, o da “Verificabilidade”. Para os pesquisadores do Círculo de Viena, os enunciados científicos deveriam ter uma comprovação ou verificação baseada na observação ou experimentação. Isto era feito indutivamente, ou seja, seriam estabelecidos enunciados universais, a partir da observação de casos particulares.
O resultado do estabelecimento deste critério surgiu também a partir da concepção de Linguagem de Wittgestein que os membros do Círculo de Viena utilizaram. Para ele , o mundo era composto de “fatos” atômicos associados e, assim, expressariam sua realidade. Daí os enunciados gerais poderiam ser decompostos em enunciados elementares referentes ou congruentes à Natureza, o que exclui os enunciados metafísicos do processo de conhecimento.
A indução foi o método utilizado porque, além de proceder por experiência concreta, proporcionava um caráter de regularidade que permitia que se emitissem juízos universais. Isto atesta o caráter antimetafísico do Círculo de Viena, bem como afirma o predomínio da observação.
E quase 100 anos depois, o mundo ainda não consegue se entender em termos filosóficos, científicos e políticos.
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