terça-feira, 22 de maio de 2018

Esteve por um fio a democracia, mas foi garantida pelo recuo do Supremo

Na cadeira de rodas, um líder militar de primeira linha

Carlos Newton

Foi muito importante a informação publicada nesta sexta-feira (dia 18) por Mário Assis Causanilhas, ex-secretário de Administração do Estado do Rio de Janeiro, que transcreveu aqui na Tribuna da Internet uma mensagem recebida de um grupo formado por oficiais da reserva da FAB e ex-cadetes da antiga Escola de Aeronáutica, no Campo dos Afonsos. Sem identificação do autor, o texto analisa o momento político do país na visão dos militares, que se dividem em dois grupos bem definidos: os moderados (liderados pelo general Eduardo Villas Bôas) e os da “linha dura” (liderados pelo general Hamilton Mourão).

As duas alas têm opiniões semelhantes sobre a esculhambação institucional em que vive o país. Mas divergem num ponto, com os moderados acreditando que o momento de ruptura ainda não chegou e, portanto, não é adequada uma intervenção, enquanto a facção da linha dura está pronta a intervir a qualquer momento, caso de configure um claro movimento do governo em tentar frear a Lava Jato ou se o Supremo libertar Lula da Silva e garantir a candidatura dele à Presidência.

SITUAÇÃO DELICADA – A mensagem divulgada por Mário Assis Causanilhas coincide com informações recebidas pela Tribuna da Internet e já publicadas aqui, acerca da delicadeza da situação. Há anos que vem crescendo a insatisfação nas Forças Armadas, alimentada pela falta de planejamento governamental, pois desde a ditadura de 64 não existe um Projeto Brasil; pelo achatamento salarial dos militares em relação aos servidores civis; e pelo corte das verbas das Forças Armadas, que vivem situação de penúria.

Quando se configurou a tentativa de o Supremo libertar Lula e acabar com a prisão após segunda instância, advertimos aqui na TI que os militares estavam prontos para intervir. Nossa informação foi confirmada agora pelo texto publicado por Mário Assis Causanilhas, ao destacar que as alas moderada e linha dura concordam que o habeas corpus de Lula e sua viabilização como candidato, apesar de ser ficha suja, representariam uma clara quebra da Constituição e do ordenamento jurídico.

HOUVE CONSENSO – Pela primeira vez, houve consenso no Alto Comando e ficou estabelecido que ocorreria intervenção militar caso Lula fosse solto e tivesse sua candidatura assegurada. Os três comandantes das Forças divulgaram duros comunicados e de repente caiu a ficha no STF. Os ministros enfim entenderam que podem muita coisa, mas não podem tudo, especialmente passar por cima da lei e da ordem.

O habeas corpus de Lula foi derrotado, ainda há três recursos pendentes a serem julgados no Superior Tribunal de Justiça e no Supremo, que não demonstram nenhuma pressa em julgá-los e aprová-los. 

Mais na frente, em 15 de agosto, o PT pedirá o registro da candidatura de Lula, mas será negado pela Justiça Eleitoral. Com isso a democracia estará preservada. É o que interessa no momento. O resto virá depois.

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P.S. – É preciso louvar o espírito público do comandante do Exercito, general Eduardo Villas Bôas. Acometido de uma gravíssima doença degenerativa, ele continua à frente do Alto Comando, trabalhando numa cadeira de rodas e fazendo um sacrifício pessoal indescritível, no intuito de organizar a encrenca e manter o país no rumo da democracia. Villas Bôas é um grande guerreiro, um brasileiro de verdade, e todos devem prestar homenagens a ele. (C.N.) Posted in C. Newton

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