Roubo de cargas é uma das modalidades favoritas
Hildeberto Aleluia
Blog Aleluia e Cia
Comprar celular roubado, negociar o preço livremente na Avenida Brasil, umas das principais artérias viárias da cidade, em seus engarrafamentos, é um ato normal. Não há repressão. Se isso escandaliza, tem mais: as feiras de produtos roubados proliferam. Parece uma cidade sem lei. A feira de Acari, no bairro do mesmo nome, zona norte da Cidade, famosa por revender peças automobilísticas de carros roubados. vai de vento em popa. Assaltos a caminhões de cargas, também na Avenida Brasil, são diários e múltiplos.
Há uma predileção dos bandidos pelas cargas de carnes. São aquelas em que o produto do roubo é vendido rapidamente. Pontos de venda funcionam, “organizados”. Dos maiores, um está no bairro de Guadalupe, também na Zona Norte, margeando a própria avenida Brasil, atrás do antigo depósito das organizações Sendas. O outro está num dos pontos mais movimentados do Centro da Cidade: atrás da Central do Brasil, onde próximo funciona a sede da Polícia. Isso sem contar os receptadores que devem existir aos milhares.
VIOLÊNCIA BANAL – Arrastões são diários e em diversos lugares. Na avenida Marechal Rondon outra artéria urbana importante que liga a Zona Norte ao Centro tem períodos que são diários. E muita pouca gente vai se queixar na Polícia. Parece que o carioca já se acostumou com essa aberração. É a naturalização da violência. No outro lado da moeda está a propagação da violência manifestada em balas perdidas ou certeiras que ferem, mais das vezes de morte, crianças e adultos e uma dezena de policiais por mês.
Com salários irrisórios se comparados às suas tarefas, a polícia sucumbe indefesa diante do arsenal de guerra dos bandidos. Suas armas estão superadas, são falhas e sem manutenção. Policiais já morreram em confronto por falhas do armamento.
E se não basta, resta o cipoal legislativo, incompreensível, inadmissível e que faz a Justiça ser diligente e parecer leniente com a bandidagem.
“ESPECIALISTAS” – Nas televisões proliferam opiniões de toda sorte de “especialistas” com suas análises elaboradas para colocar bandidos como vítimas sociais. Horda de advogados se assanham inconformados pela possibilidade de perderem a imensa clientela no meio da bandidagem. E os políticos. São inúmeros os que se elegem com o apoio de vagabundos, assaltantes e facínoras. E contam com os votos de suas famílias também.
Como diz a jornaleira da minha rua: “No Rio de Janeiro, as comunidades (um eufemismo imposto pelos bandidos para definir as favelas) em sua maioria vive de arrumação”.
Por arrumação se entende toda a sorte de pequenos e grandes delitos. Vai de assaltos, arrastões, revenda de material roubado, furtos e outras transgressões. Esse bloco age sem repressão. Além de ser difícil o seu combate, propaga a violência.
LEI DA GUERRA – Nos morros e favelas impera a lei da guerra. Nas redes sociais proliferam vídeos de atos de quadrilhas com ferocidade comparável ao Estado Islâmico. Menores de idade, protegidos pela legislação, exibem todo tipo de arma. Reina a exaltação da brutalidade.
A mídia clama por mais eficiência da polícia. Esta exerce suas funções com salários atrasados, armamentos superados e frota sucateada. É comum turistas desistirem de queixas diante da falta de equipamentos para registros nas Delegacias. A violência e o inusitado toma conta da vida dos cariocas. Um aplicativo para indicar a existência de tiroteios faz um enorme sucesso. Onde tem tiroteio.oit-RJ. Registra um tiroteio a cada duas horas.
A população do Estado do Rio de Janeiro precisa se conscientizar que não é apenas vítima da violência. É parte dela. Ativa e passiva. No metrô da cidade está cheio de avisos solicitando aos passageiros que não comprem mercadorias de ambulantes. Alerta que uma das razões é que o produto pode ter sido roubado. Quem compra mercadoria roubada está participando do crime. Este é o retrato, pequeno, da realidade que o Exército vai enfrentar.
(Leia artigo sobre natalidade no Brasil:)
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