18/12/2017 18h16
Brasília
Ludmilla Souza - Repórter da Agência Brasil
Secretário de Educação Básica do MEC, Rossieli Soares
(Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
As iniciativas dos professores das redes públicas de ensino de todo o país foram reconhecidas hoje (18) no 10º Prêmio Professores do Brasil, organizado pelo Ministério da Educação (MEC). A cerimônia de entrega da premiação aconteceu na Sala Mário de Andrade, na Praça das Artes, no centro da capital paulista.
O objetivo da premiação, segundo o MEC, é dar destaque aos profissionais que, no exercício da atividade docente, contribuem de forma relevante para a qualidade da educação básica no Brasil, valorizando e estimulando seu papel na formação das novas gerações. Ao todo, foram inscritos 3.494 projetos.
Para o secretário de Educação Básica do MEC, Rossieli Soares, o prêmio valoriza as experiências inovadoras e que servem de exemplo e inspiração para outros professores. “A gente fala tanto dos nossos indicadores ruins, daquilo que falta na escola, e é importante que a gente fale sobre o que temos dentro da escola, grandes professores capazes de transformar a vida dos jovens. Que vocês voltem para suas escolas contaminados cada vez mais por este brilhantismo e que possam levar aos colegas de vocês um incentivo de participarem desse momento”.
Durante a cerimônia, foram conhecidos os seis vencedores nacionais de cada uma das categorias da premiação. Os vencedores saíram da lista dos 30 ganhadores regionais. Na categoria Educação Infantil/Creche recebeu o prêmio a professora Alessandra Silva de Assis de Siqueira Pinto, de São Paulo, com o relato A escuta das vozes infantis; na Educação Infantil/Pré-escola a premiada foi Lidiane Pereira da Silva, do Rio Grande do Sul, com o relato Como nossos pais e com o jeito da nossa gente.
Já na categoria Ensino Fundamental/Ciclo de Alfabetização, a vencedora foi Kátia Bomfiglio Espíndola, também do Rio Grande do Sul, com o projeto Conta uma história? Para a categoria Ensino Fundamental/Quarto ao Quinto Ano o prêmio foi para Fernanda Nicolau Nogueira, de Rondônia, com o relato Ler, escrever...crescer!
Com projetos para o Ensino Fundamental/Sexto ao Nono Ano foi vencedor o professor Adalgésio Gonçalves Soares, de Minas Gerais, com o relato Festival de curtas, e na categoria Ensino Médio o prêmio foi para Rodrigo Nobrega Martins, do Ceará, com o projeto Revista Discentes: um sentido para a produção textual no ensino médio no estado do Ceará. Cada um dos premiados recebeu R$ 5 mil.
O valor do prêmio se somará aos R$ 7 mil pagos a cada um dos 30 vencedores da etapa regional, a uma viagem à Irlanda, para participação em programa de capacitação apoiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), além de troféu e equipamentos de informática com conteúdo educativo para as escolas em que trabalham. Participaram do concurso educadores de escolas públicas de todo o Brasil. Durante a cerimônia, também foi lançado um livro em comemoração às dez edições do prêmio.
Temáticas Especiais
Durante a cerimônia também foram premiados cinco professores em cada uma das categorias temáticas especiais. Com a temática O esporte como estratégia de aprendizagem, o prêmio será uma visita ao Núcleo de Alto Rendimento Esportivo de São Paulo para vivenciar a rotina de treino, interagir com atletas de renome nacional e participar de uma oficina de capacitação esportiva.
Para a temática Uso de Tecnologias de Informação e Comunicação no processo de inovação educacional, os ganhadores receberam o prêmio de R$ 5 mil, além de troféu/símbolo de reconhecimento, oferecidos pelo Centro de Inovação para a Educação Brasileira.
Já o tema Estímulo ao conhecimento científico por meio da inovação premiou com uma viagem de uma semana, em janeiro de 2018, para Londres, na Inglaterra, onde os ganhadores participarão de atividades educativas, interativas, palestras e visitas a museus, junto com os seis vencedores do Prêmio Shell de Educação Científica.
Para a temática Conservação e uso consciente da água, os vencedores vão participar do Fórum Mundial da Água, em março de 2018 em Brasília/DF, com espaço para apresentação dos trabalhos premiados.
Uso da água
Entre os ganhadores da temática Conservação e uso consciente da água está o projeto do professor de Ciências Valter Pereira Menezes, da Escola Municipal Luiz Gonzaga. A escola fica na comunidade ribeirinha Santo Antônio do Tracajá, no interior de Parintins, município a 369 quilômetros de Manaus, Amazonas. Ele desenvolveu, junto com seus alunos do nono ano do Ensino de Ciências, o projeto Água limpa para os curumins do Tracajá, prática sustentável para se ter água limpa.
Ele explicou que a parte prática do projeto foi a construção de 70 melhorias sanitárias na comunidade ribeirinha que fica fora do município de Parintins. “Tínhamos muitos problemas como diarreia, verminose, hepatite e descobrimos com os alunos que esse problema vinha da questão da água”, relata o professor amazonense. “Detectamos que o problema vinha pela falta do saneamento básico e buscamos alternativas de conservar o nosso lençol freático. A comunidade consumia água do poço artesiano, mas ao redor deste poço tinha 70 famílias que todo dia jogava o dejeto humano no lençol freático e atingia este poço artesiano”.
O professor contou com a ajuda de parceiros para a construção da solução. “Com esse projeto buscamos parceria com organizações não governamentais e levamos para o Tracajá a fossa biológica”. Segundo Menezes, o resultado foi positivo. “Essa fossa não agride o meio ambiente porque a raiz da bananeira suga e esgota a fossa. Hoje nós somos a primeira comunidade do Amazonas a trabalhar o dejeto humano como conservação do lençol freático, da saúde e do meio ambiente”.
Ganhador do prêmio Educador Nota 10 do Brasil, em 2015, e escolhido entre os 50 melhores professores do mundo no Prêmio Global Teacher Prize este ano, o professor já está ansioso para participar do Fórum Mundial das Águas, em março de 2018. “A expectativa é poder compartilhar ideia, principalmente em saúde com relação a água, porque o nosso projeto é uma ideia sustentável, prática e viável para ser aplicada em bairros carentes e em comunidades ribeirinhas de campo”.
Para Menezes, o educador deve ir além da sala de aula. Ele dá a dica. “Professor, faça da sua prática pedagógica uma inovação, busque alternativa para você trabalhar a realidade do seu aluno, saia das quatro paredes da sala de aula e atinja a realidade do aluno”, aconselha.
Edição: Fernando Fraga
Agência Brasil
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