sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

Grande BH tem sete ônibus queimados em três dias e governador promete punição


postado em 29/12/2017 08:53 / atualizado em 29/12/2017 10:25
A onda de ataques a ônibus na Região Metropolitana de Belo Horizonte continua. Criminosos incendiaram um coletivo na manhã desta sexta-feira no Bairro Copacabana, na Região de Venda Nova. Esse é o sétimo ataque registrado desde a madrugada de quarta-feira. Bilhetes deixados em duas das ocorrências levantam a suspeita de que os ataques foram comandados por detentos da Penitenciária Antônio Dutra Ladeira, em Ribeirão das Neves. O governador Fernando Pimentel (PT) promete punição severa aos responsáveis.


No ataque registrado na manhã desta sexta-feira, os criminosos usaram a mesma estratégia das outras ocorrências. Eles pararam o veículo, da linha 643 (Estação Pampulha/Copacaba Via Monte Carmelo) próximo a Escola Cônego Trindade. Em seguida, ordenaram a saída dos ocupantes e atearam fogo. Depois, fugiram. 
Em entrevista a Rádio Itatiaia, concedida antes do ataque desta sexta-feira, o governador Fernando Pimentel afirmou que os casos estão sendo investigados e promete punição aos responsáveis. “Foram quatro, cinco ônibus incendiados. Estamos investigando seriamente e vamos punir com severidade. Não tem o menor sentido este tipo de ação. Nós não queremos que aconteça em Minas o que está acontecendo no Rio Grande do Norte, o que aconteceu no Espírito Santo, e menos ainda a tragédia da segurança do Rio de Janeiro. Nós vamos evitar isso. A polícia de Minas é respeitada, está nas ruas cumprindo a sua função e vai contar com nosso apoio no que for necessário”, disse. 

Série de ataques
Na tarde de quinta-feira, por volta de 13h30, no km 526 da BR-040, sentido Brasília, próximo à Ceasa, no Bairro Monte Verde, em Contagem. Na cidade da Grande BH, o coletivo placa HEK 4270, da linha 2480 (Bairro São José/Cidade Industrial), operada pela Viação Torres, dirigido por Adeilson Alves, de 34 anos, foi atacado por três homens. Eles atearam fogo ao veículo depois de mandarem passageiros e o condutor descerem.

“Eu vinha pela marginal da BR quando um homem fez sinal. Parei para que ele entrasse. Vestia calça jeans e camiseta de malha escura. Era louro e tinha os olhos claros. Logo que parei, um Palio preto fechou a frente do ônibus e dele desceram dois homens com galões de gasolina. Os três gritavam para que os passageiros descessem. Um deles me disse que não queriam dinheiro, tanto que não deixaram nem que eu pegasse o movimento do dia, que fica numa bolsinha debaixo do banco. Depois, jogaram gasolina em tudo e atearem fogo. Em seguida, entraram no carro e fugiram”, disse Adeilson, que antes da fuga recebeu de um dos criminosos o bilhete ameaçador.

A primeira ocorrência registrada pela PM aconteceu no Bairro Santa Cruz, Região Nordeste de BH, ainda no início da madrugada de quarta-feira, quando três homens chegaram a atear fogo a um coletivo. Porém, nesse caso o motorista e o trocador conseguiram deter as chamas. Mesmo assim, parte dos bancos foi queimada.

O segundo ataque foi registrado na tarde de quarta-feira, por volta de 16h30, contra um ônibus da linha 7100, na Avenida Olinto Meireles, altura do número 990, no Bairro Santa Helena, Região do Barreiro. O veículo trafegava no sentido Bairro Novo Riacho, quando o motorista parou para que um passageiro descesse. Dois homens que estavam no ponto, um deles armado, subiram com galões de gasolina. A dupla mandou que os passageiros desembarcassem e, quando o coletivo estava vazio, jogou o combustível e ateou fogo.

Um terceiro homem dava cobertura e ajudou na fuga dos criminosos em um Fiat Palio branco de placa PWW 0912, que segundo a Polícia Militar é clonada. Policiais reivindicaram imagens da câmera de segurança de um posto de gasolina das proximidades em busca de pistas.

Também na quarta-feira, às 22h44, o alvo foi um ônibus da linha 5503, da Viação Torres, incendiado no Bairro Goiânia B, na região Nordeste de BH. Nessa ocorrência eram cinco homens envolvidos, mas a forma de agir foi semelhante. Uma moto fechou o coletivo, forçando o motorista a parar. Dos dois criminosos que estavam dentro do ônibus, um apontou uma arma para o condutor, enquanto o outro mandou que todos descessem. Outros dois chegaram e incendiaram o veículo. Nesse caso, foi deixado um bilhete semelhante ao entregue ao motorista do veículo atacado perto da Ceasa, em que foi citada a situação na Penitenciária Dutra Ladeira. O nome do diretor da unidade, Rodrigo Machado, foi mencionado na mensagem, cujo conteúdo cobrava mudança no tratamento dado aos presos, sob ameaça de retaliação.

Quase no mesmo horário, outro ataque era registrado no Bairro Jardim Riacho das Pedras, em Contagem. Três homens embarcaram em um veículo da linha 810 (Bandeirantes/Maracanã via metrô). Um entrou pela porta da frente com uma arma de fogo, ameaçou o motorista e o mandou desembarcar. Um dos comparsas entrou pela porta do meio e o terceiro, pela porta traseira. Eles jogaram um líquido inflamável pelo veículo e atearam fogo. As chamas foram contidas com uso de extintor. Mesmo assim, danificaram a caixa de ar na parte traseira, parte do teto e bancos. Os criminosos fugiram em um carro branco e não foram encontrados.

A sequência de atentados prosseguiu à 0h12 de ontem. Nesse horário, outro coletivo foi incendiado. Nesse caso, o alvo foi um carro da linha 3050, atacado no km 540 do Anel Rodoviário, nas proximidades do Bairro Betânia, Oeste de BH. O motorista Osnério Neres contou que recebeu sinal. Ao parar, o condutor disse ter visto outras duas pessoas correndo com galões cheios de gasolina. Os criminosos também mandaram que todos descessem, antes de atear fogo ao veículo.

https://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2017/12/29/interna_gerais

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