Rosana Hessel e Hamilton Ferrari
Correio Braziliense
Analistas econômicos avisam que a área fiscal precisa de atenção especial daqui para frente. Tudo o que é ruim do ponto de vista das contas públicas pode acontecer em 2019. “Uma bomba fiscal está sendo armada e está programada para explodir em 2019. Desarmar essa herança não vai ser fácil”, alerta a economista Monica de Bolle, pesquisadora do Peterson Institute for International Economics (PIIE), de Washington. “Os déficits estão se acumulando e a reforma da Previdência, que é importante, não será suficiente para evitar os problemas fiscais de curto prazo. Eles vão se acumular durante o ano eleitoral, porque as desonerações não estão sendo revistas e os reajustes salariais, que agora precisam ser adiados, foram concedidos em 2016”, diz.
Uma dessas bombas é resultado dos déficits primários acumulados desde 2014, que podem levar a dívida pública bruta (governos federal, estaduais e municipais) a mais de 100% do PIB em 2021, se não houver reformas, pelas estimativas do Ministério do Planejamento.
PREVISÃO ALARMANTE – Um cálculo feito pelo secretário de Planejamento e Assuntos Econômicos da pasta, Marcos Ferrari, revela que, hoje, a dívida pública per capita está em R$ 26,7 mil. Sem a reforma da Previdência, o endividamento de cada brasileiro será de R$ 30,3 mil em 2019. Dois anos depois, esses 100% de dívida em relação ao PIB darão R$ 38,6 mil para cada brasileiro. Com a reforma, a dívida para cada indivíduo da população continuará crescendo, mas em ritmo mais contido, chegando a R$ 28,7 mil, em 2019, e a R$ 33,3 mil, em quatro anos.
Além da dívida pública bruta brasileira em crescimento contínuo — atualmente em 74,4% do PIB, pelos cálculos do Banco Central e acima da média dos países emergentes, de 48% do PIB —, outro fator preocupante é o teto dos gastos.
O limite aprovado em 2016 por emenda constitucional pode estourar devido ao crescimento desenfreado das despesas com Previdência e pessoal, que sobem acima da inflação. Para piorar, o estouro do teto pode ser antecipado para 2018 com a liminar concedida pelo ministro Ricardo Lewandowski, suspendendo a medida provisória que adiava o reajuste dos servidores para 2019.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – O reajuste dos servidores não é aumento de salário, mas uma obrigatoriedade constitucional e social. O corte tem de atingir os privilégios, como mordomias, carros oficiais, cartões corporativos, penduricalhos salariais viagens desnecessárias, cargos comissionados e por aí a fora. O ponto principal da crise é a dívida pública bruta, que já chega a 75% do PIB. Mas é assunto-tabu, que não é discutido com seriedade e profundidade. (C.N.)Posted in Tribuna da Internet
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