De janeiro a 15 de outubro, apreensão cresceu 64% em relação a igual período do ano passado
PM apreendeu uma submetralhadora, armas e munições no conjunto São Marcos, em Betim
PUBLICADO EM 22/10/17 - 03h00
JOANA SUAREZ
Elas são feitas no quintal de casa, por torneiros mecânicos com conhecimentos básicos. São fabricadas em uma semana e vendidas por cerca de R$ 3.500. Trata-se de submetralhadoras com capacidade de realizar até 40 disparos seguidos. Com grande poder de fogo, elas são cada vez mais usadas por traficantes. A constatação disso está nos números que mostram um aumento de 64% na apreensão desse tipo de armamento, só neste ano.
A Polícia Militar da 2ª Região (que compreende Betim, Contagem, Ribeirão das Neves e mais 15 cidades) apreendeu 137 armas caseiras, de janeiro até o último dia 15, sendo que 72 são submetralhadoras. No mesmo período de 2016, foram 87 apreensões, com 44 submetralhadoras.
Custo-benefício. Profissionais que conhecem minimamente a mecânica de uma arma se arriscam produzindo não só as submetralhadoras, mas também espingardas, garruchas e revólveres. A apreensão de armas caseiras cresceu 57% neste ano só na área da 2ª Região.
O tenente Edgard França, do Batalhão de Policiamento Especializado (BPE), acredita que esse crescimento se deve ao fato de muitos revólveres (industriais) terem sido apreendidos, aumentando o custo-benefício das artesanais. Uma pistola importada (não automática) comprada no mercado negro, por exemplo, pode custar cerca de R$ 12 mil – daria para comprar até três submetralhadoras.
“Virou vantagem porque eles (criminosos) têm um armamento com menor custo e maior poder de fogo. No ano passado, tiramos 570 armas de circulação só na minha unidade. O preço, então, ficou mais caro. O pessoal faz a submetralhadora e vende”, explicou o tenente, que atua no combate ao tráfico.
A maioria dessas armas tem sido apreendida em operações, mas o local de fabricação dificilmente é encontrado. Dos 158 presos com armas artesanais na 2ª Região, apenas seis estavam em locais de fabricação em Ribeirão das Neves e Ibirité. “Não temos quadrilhas que fabricam armas aqui, são torneiros que produzem em fundo de quintal”, concluiu o tenente Walber Ferreira da Rocha, da seção de planejamento operacional da 2ª Região.
Na Vila Itaú, em Contagem, a PM pegou, recentemente, oito submetralhadoras que tinham acabado de chegar. Após receberem denúncia sobre o carregamento das armas, os militares viram um rapaz buscar duas mochilas no carro e encontraram as armas.
EM BETIM
Ocupação
A Polícia Militar realizou ocupação de 30 dias no conjunto São Marcos, no bairro Citrolândia, em Betim, realizando diversas operações com apreensão de armas (caseiras, importadas e réplicas), munições, dinheiro, coletes, drogas e outros.
Menores
Na apreensão da foto ao lado, dois menores foram detidos e quatro maiores foram presos. Os policiais contaram com ajuda da comunidade que fez denúncias anônimas.
FOTO: MARIELA GUIMARÃES
Tenente Edgard França acredita que preço menor faz uso crescer
‘Fabricantes’ presos são soltos rápido
As 158 pessoas presas em flagrante com armas artesanais na região metropolitana de Belo Horizonte neste ano, 76% já estariam soltos, segundo o tenente Walber Ferreira da Rocha. “Dos seis presos que foram pegos fabricando armas, quatro já estão soltos, um deles saiu 48 horas após a prisão, lembrando que 53% das armas são submetralhadoras de uso restrito”, detalhou Ferreira da Rocha.
Ele critica a legislação atual, que prevê a saída dessas pessoas quando cumprem os requisitos para responder em liberdade ou quando a Justiça libera em audiência de custódia. “Infelizmente, se a sociedade não se mobilizar para mudar a lei, vai continuar assim”, frisou.
A pena prevista para quem comercializa ou fabrica arma, acessório ou munição sem autorização é de reclusão de quatro a oito anos e multa. Já a posse ou porte ilegal de arma de uso restrito, tem pena é de três a seis anos de prisão e multa.
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