Senador Aécio Neves foi investigado pela operação Patmos e denunciado pela PGR no STF
PUBLICADO EM 21/10/17 - 03h00
BRASÍLIA. Durante as buscas e apreensões da operação Patmos, em maio, homens da Polícia Federal encontraram, em uma das residências do senador mineiro Aécio Neves (PSDB), anotações que citavam valores relacionados à empreiteira Odebrecht e a sua subsidiária Braskem. Os números estavam indicados junto com as expressões “direção estadual” e “Pimenta”. As informações são do jornal “O Estado de S. Paulo”.
As duas primeiras anotações estão associadas à sigla CNO, que segundo os investigadores seria uma referência à Construtora Norberto Odebrecht. À frente da sigla há dois valores. No primeiro, relacionado a “Pimenta”, o valor é de R$ 200 mil. No segundo, relacionado a “direção estadual”, o valor registrado é de R$ 510 mil. No caso das Braskem, há uma nova referência à direção estadual, com o valor de R$ 240 mil.
Para os investigadores, de acordo com o jornal, os valores “provavelmente” são “monetários” e são “possivelmente fruto de atividade ilícita”. A defesa nega.
A ação de busca e apreensão foi realizada por autorização do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), que, naquele dia, também determinou o afastamento de Aécio das funções no Senado. Depois disso, o senador retornou ao cargo por ordem do ministro Marco Aurélio Mello, voltou a ser afastado pela Primeira Turma do STF e teve a medida cautelar revogada por seus colegas de Senado.
No âmbito da operação Patmos, Aécio Neves foi gravado pedindo R$ 2 milhões a Joesley Batista, acionista da JBS. Os valores teriam sido repassados ao primo do senador, Frederico Pacheco, o Fred, e as primeiras tratativas teriam sido realizadas pela irmã do senador, Andrea Neves, ambos flagrados em ação controlada da Polícia Federal. Aécio foi denunciado por corrupção passiva. Ele diz que a conversa tratava apenas de um empréstimo particular.
A Polícia Federal enviou ao Supremo relatório sobre cada item encontrado na casa do senador e dos demais investigados na Patmos. Segundo o documento, um dos itens é uma “folha manuscrita, composta de três anotações com nomes e números podendo ser valores em moeda nacional”.
A PF diz que não é possível afirmar, somente com essa anotação, qual o nome completo de Pimenta. Naquele ano, o candidato do PSDB ao governo estadual foi Pimenta da Veiga. Sua prestação de contas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) inclui uma doação de R$ 200 mil da Odebrecht e outros recursos repassados pelo diretório e que seriam provenientes da empresa.
Delatores da Odebrecht falam em R$ 50 milhões em doações oficiais e não oficiais ao grupo político do tucano, formado pelo próprio Aécio, Pimenta da Veiga, por Dimas Fabiano Junior (candidato a deputado federal), e pelo senador Antonio Anastasia (candidato ao cargo naquela eleição).
“Esses números provavelmente tratam-se de valores monetários. A relevância está no fato de o montante ser alto e de possivelmente ser fruto de atividade ilícita”, conclui o documento, subscrito pelos agentes Morais Cesar da Mota Furtado e Osvaldo Escórcio Meneses Filho.
Defesa. Em resposta à reportagem, a defesa de Aécio informou que “as anotações referem-se a doações na campanha de 2014 devidamente registradas na Justiça eleitoral para o diretório estadual de MG, de forma lícita e transparente, facilmente comprovável no site do TSE.” Pimenta da Veiga foi procurado por O TEMPO mas não atendeu as ligações.
Jornal OTempo
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