Por G1 Zona da Mata
13/09/2017 13h24
Materiais apreendidos na Operação 'Panaceia' pela Polícia Civil em Juiz de Fora (Foto: Polícia Civil/Divulgação)
A Delegacia Especializada Antidrogas apresentou nesta quarta-feira (13) o resultado da Operação "Panaceia", que desmantelou um grupo que estava entregando maconha escondida em medicamentos na Penitenciária Ariosvaldo Campos Pires, em Juiz de Fora. O caso foi descoberto pelo setor de inteligência da Secretaria de Estado de Administração Prisional (Seap), que acionou a Delegacia para investigação.
Em nota, a Seap confirmou que a operação foi resultado do trabalho interno dos setores de Segurança e da Assessoria de Informação e Inteligência da unidade prisional, que apuraram e identificaram o esquema ilícito, os presos e a visitante envolvidos.
A direção da Penitenciária Ariosvaldo Campos Pires está adotando as medidas administrativas cabíveis para a continuidade das ações investigativas por parte da polícia judiciária.Uma mulher de 30 anos, que deixava os medicamentos para o companheiro, foi presa nesta terça-feira (12). Quatro detentos de 23, dois de 28 anos e um de 30, identificados como destinatários da droga, também receberam voz de prisão. Três deles foram condenados por tráfico de drogas e o outro por roubo. Outras três mulheres que também entregavam remédios para os homens com quem teriam relação amorosa já foram identificadas.
"Era um esquema que poderia render até R$ 300 mil aos envolvidos. Os homens revendiam a droga na unidade. Todos vão responder por tráfico de drogas, por associação para o tráfico, com aumento de pena porque seria realizado dentro de estabelecimento prisional", explicou o delegado Rogério Woyame.
Ainda conforme Woyame, a inteligência da Seap identificou a entrada de drogas pelos medicamentos e pediu uma investigação para chegar aos envolvidos. Desta forma, eles conseguiram descobrir como funcionava o esquema.
"Para um detento receber qualquer remédio precisa de receita médica. Eles conseguiram receitas claramente falsificadas e pegaram medicamentos comuns. Eles protegiam a droga com látex para não ser danificada pelo líquido do remédio, colocavam dentro da embalagem e a lacravam, assim ficava sem aparentar a adulteração. Foram identificados que eles faziam isso com três medicamentos entregues aos quatro detentos, que revendiam na unidade", acrescentou.
Segundo o delegado, a investigação conjunta estava em andamento há mais de 15 dias porque a pessoa entrega o medicamento e não precisa esperar a vistoria. No entanto, é registrado quem deixou o remédio e a qual preso deveria ser encaminhado.
Desta forma, a Seap identificou a mulher de 30 anos como uma das que faziam as entregas. Nos desdobramentos, a Polícia Civil chegou a uma casa no Bairro São Sebastião onde mora uma jovem de 27 anos que trabalha em um laboratório da cidade e seria responsável por repassar as drogas no frascos.
"Na manhã desta terça, ela esteve novamente na Penitenciária e deixou remédio onde havia drogas. O serviço de inteligência nos avisou e iniciamos a operação. Na diligências, esta mulher foi detida no local de trabalho. E chegamos a outra envolvida, que era responsável por repassar os materiais já dentro dos frascos para as outras. Na casa dela encontramos dois tabletes somando cerca de três quilos de maconha. Um deles inclusive estava cortado, provavelmente seria a próxima entrega", explicou o delegado.
O registro da ocorrência, entre localizar integrantes do grupo e fazer buscas em endereços e nas celas de envolvidos e ouvir depoimentos da mulher presa e dos quatro detentos envolvidos, terminou na madrugada desta quarta-feira (13).
"Na cela ocupada por dois detentos de 30 e 28 anos, os agentes penitenciários encontraram dois celulares, onde há informações que confirmam que eles estavam em contato com as pessoas do lado de fora. Em depoimento, a mulher confirmou que levava medicamentos para o amásio, mas disse que não sabia que havia drogas dentro e não deu mais detalhes. Todos os detentos negaram a falar", afirmou o delegado.
A mulher foi encaminhada para a Penitenciária Ariosvaldo Campos Pires, onde ficam as celas femininas. Os quatro detentos retornaram à mesma unidade, onde já cumpriam as penas. As investigações seguem para apurar se há mais envolvidos e prender as mulheres já identificadas como integrantes da quadrilha.
"Faltam prender a jovem acusada de fornecer os medicamentos adulterados e as outras duas mulheres que também entregavam drogas para os respectivos companheiros. Todas já foram identificadas. Queremos chegar ao traficante que fornecia a droga para elas. E também estamos apurando se há envolvimento de servidores da penitenciária para facilitar a entrada dos medicamentos adulterados", concluiu Rogério Woyame.
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