sexta-feira, 21 de julho de 2017

Vândalos incendeiam ônibus após homem morrer em confronto com a PM

Chamas consumiram totalmente o veículo
Passarinho de um dos imóveis atingidos pelas chamas morreu

PUBLICADO EM 21/07/17 - 07h37

CAROLINA CAETANO / MARIANA NOGUEIRA

Dois ônibus foram incendiados por vândalos no bairro Primeiro de Maio, na região Norte de Belo Horizonte, nessa quinta-feira (20). Os crimes teriam acontecido em resposta à morte de um adolescente de 17 anos na área.

Segundo a Polícia Militar, uma equipe realizava incursão na Vila Primeiro de Maio com o objetivo de coibir o tráfico de drogas. Quando os militares acessaram o beco Zélia Silveira viram um suspeito com touca, que fugiu ao avistar a equipe.

No meio do caminho, o suspeito teria sacado uma arma e apontado em direção aos policiais. Diante da situação um dos militares atirou uma vez. O suspeito foi atingido, levado ao Hospital Risoleta Toletino Neves em uma viatura, mas não resistiu ao ferimento.

Após essa ocorrência, alguns moradores da região ficaram revoltados e incendiaram dois coletivos das linhas 1502 (Vista Alegre/Guarani) e 1510 (Madre Gertrudes / Providência).

Os atos de vandalismo aconteceram na rua Ladainha e na avenida Cristiano Machado. Na rua Ladainha, os bandidos chegaram armados com pistolas, quebraram o ônibus com pedras e ordenaram que todos os passageiros descessem. Por sorte, ninguém ficou ferido.

Policiais fizeram rastreamento na região, mas ninguém foi preso. 

Prejuízo
O dono de uma loja de acessórios para celular e consertos eletrônicos, localizada exatamente em frente ao local onde aconteceu o incêndio, afirmou a reportagem que fechou a loja às 21h desta quinta-feira (20) e acordou às 6h com telefonemas de amigos relatando o ocorrido. O homem, que pediu para não ser identificado, teve parte da loja deteriorada e perdeu dois casais de passarinho, de estimação, que ficavam na parede tomada pelo fogo.

"Eu cheguei aqui e eles já estavam mortos. Além da pintura e das portas, o prejuízo pessoal é, com certeza, maior", afirmou.

O imóvel onde a loja funciona é de uma família que reside no mesmo lote. A dona da casa, que pediu para não ser identificada por questões de segurança, afirmou que acordou por volta das 2h30 com gritos da vizinha da casa de cima.

"Eu acordei e fiquei desesperada. Cheguei perto da porta e só vi fogo descendo pela rua. O óleo do ônibus escorreu na pista e o fogo tomou conta da fiação, provocando um incêndio aqui embaixo. Foi um rio de fogo mesmo. Meu portão foi destruído pelas chamas", contou.

Uma outra moradora de uma rua ao lado da Ladainha afirmou que acordou com o barulho de tiros vindo na direção da sua residência. "Eu acordei ouvindo tiros mesmos. Ouvi umas vozes gritando e marchando aqui na rua. Mas era muito tiro. Desceram atirando mesmo", contou.

A região do ocorrido possui muitos estabelecimentos. No início da manhã desta sexta-feira, enquanto chegavam para trabalhar, funcionários se assustaram com a movimentação. "Eu não sabia o que tinha acontecido e estou surpreso. Podia ter chegado até a minha loja ou, até mesmo, matado alguém. É um absurdo que isso tenha acontecido", afirmou o funcionário de um estabelecimento.

Pela manhã, funcionários da Cemig trabalhavam para religar a energia na região e guardas da BHTrans monitoravam o trânsito para que área onde o ônibus foi incendiado permanecesse isolada.

Por ter queimado o asfalto, cheiro permanecia forte e moradores tentavam retirar as crostas formadas pelas chamas. "É muita crueldade fazer isso porque todo mundo aqui é trabalhador", afirmou uma outra moradora.

Dados
De acordo com o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (Setra-BH), só neste ano, 16 ônibus foram queimados, o maior número em um mesmo ano desde 2010.

O valor do prejuízo de um coletivo convencional queimado é de R$ 400 mil, incluídos no preço as tecnologias embarcadas, suspensão a ar e ar-condicionado. 

Segundo o sindicato, um veículo a menos na linha por tempo não inferior a 180 dias ou a sua substituição temporária por outro veículo da reserva.
Jornal OTempo

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