Por Roberta Oliveira, G1 Zona da Mata
06/06/2017 19h00
Calouro de Medicina, João Pedro de Paula Souza é o caçula dos 2.900 alunos que ingressaram em 2017 na UFJF
(Foto: João Pedro de Paula Souza/Arquivo Pessoal)
Aos 16 anos, o estudante João Pedro de Paula Souza recebeu uma notícia inesperada: a aprovação no vestibular para Medicina na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). "Quando vi o resultado, eu não consegui acreditar. Meus pais choraram. Todo mundo deu pulos de alegria. Foi uma felicidade muito grande", contou o calouro ao G1.
Ele foi aprovado em quarto lugar em um dos grupos do Programa de Ingresso Seletivo Misto (Pism), de candidatos que fizeram todo o ensino médio em escola pública, com renda per capita familiar inferior a 1,5 salário mínimo.
De acordo com a instituição, o adolescente é o mais novo dos 2.900 calouros que ingressaram em 2017. Para efeito de comparação, a faixa etária média dos alunos que iniciaram no primeiro semestre é de 21 anos. Já a média de idade de todos os alunos de graduação da instituição é 23 anos.
Medicina pela avó
Às vésperas de completar 17 anos, no dia 16 de junho, o estudante foi adiantado um ano na escola, aos cinco de idade, quando cursava o ensino infantil. A justificativa é que ele apresentava conhecimento além da idade. Desde então, Souza se acostumou a ser o caçula das turmas.
Ele cursou o ensino médio no Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais (IF Sudeste), ao mesmo tempo que fazia aulas de cursinho. "Foram três anos de muita dedicação e organização, para poder me programar como e o que estudar, abrir mão de algumas atividades. Ter esta rotina foi o que mais me ajudou a conseguir este resultado", disse.
"Eu me decidi pela Medicina mais ou menos na metade do 1º ano do Ensino Médio. Queria Direito, mas na época minha avó estava no hospital. Eu tinha vontade de ajudar, mas não sabia como. Ao ver a rotina dos médicos, acabei mudando de ideia e me organizei para isso", explicou.
Tentar a vaga no curso tão jovem teve um fator positivo - diminuiu a pressão pela aprovação. "Sempre me disseram que eu poderia tentar no ano que vem, para não ir nervoso e ter calma. Que eu tinha muito tempo pela frente, porque várias pessoas são aprovadas depois dos 20 anos. Por isso, me preparei para não ser aprovado, assim não ficaria decepcionado. Sem pressão, deu certo", contou João Pedro.
Caçula na universidade
Agora, ele passa por um novo período de adaptação, desta vez, à vida de universitário. "Sendo muito honesto, foi mais difícil que eu esperava. Creio que, por questão de organização, de não me enxergar mais como aluno de ensino médio. Mas estou me reprogramando", comentou.
No entanto, ser o mais novo da sala também rende aprendizados. "Achei que seria difícil acompanhar o ritmo das outras pessoas, seja nas atividades de aula e até sociais, mas até agora está indo muito tranquilo. Mas estou acostumado a ser o caçula e estou aprendendo muito com meus colegas", afirmou.
Para quem ainda está em dúvida sobre o que fazer, o agora universitário do primeiro período indica a pesquisa além da internet. "A pessoa tem que procurar se informar. Às vezes, na internet, tudo parece uma maravilha, mas na prática, nem tanto. No primeiro ano, eu tinha uma ideia do que queria, mas ainda não era certeza. Então participei de um workshop realizado pela Acadêmica de Medicina. Depois também visitei a Faculdade e o que vi me agradou", narrou.
Caso complete o curso nos seis anos regulamentares, João Pedro vai colar grau aos 22 anos. Acostumado a respeitar o próprio tempo, ele ainda não decidiu qual especialidade pretende seguir. "Eles falam que a gente muda muito de ideia ao longo do curso. Acho que vou gostar da rotina de trabalhar em um hospital. Talvez uma emergência. Mas ainda não decidi", concluiu.
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