Stonehenge
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Stonehenge
Tipo Cultural
Critérios i, ii, iii
Referência 373
Região** Europa
Histórico de inscrição
Inscrição 1986 (10ª sessão)
Localização do Stonehenge, nas Ilhas Britânicas.
O Stonehenge é uma estrutura composta, formada por círculos concêntricos de pedras que chegam a ter cinco metros de altura e a pesar quase cinquenta toneladas, onde se identificam três distintos períodos construtivos:
O chamado Período I (c. 3100 a.C.), quando o monumento não passava de uma simples vala circular com 97,54 metros de diâmetro, dispondo de uma única entrada. Internamente erguia-se um banco de pedras e um santuário de madeira. Cinquenta e seis furos externos ao seu perímetro continham restos humanos cremados. O círculo estava alinhado com o pôr do Sol do último dia do Inverno, e com as fases da Lua.
Durante o chamado Período II (c. 2150 a.C.) deu-se a realocação do santuário de madeira, a construção de dois círculos de pedras azuis (coloridas com um matiz azulado), o alargamento da entrada, a construção de uma avenida de entrada marcada por valas paralelas alinhadas com o Sol nascente do primeiro dia do Verão, e a construção do círculo externo, com 35 pedras que pesavam toneladas. As altas pedras azuis, que pesam quatro toneladas, foram transportadas das montanhas de Gales a cerca de 24 quilômetros ao Norte.
No chamado Período III (c. 2075 a.C.), as pedras azuis foram derrubadas e as pedras de grandes dimensões (megálitos) - ainda no local - foram erguidas. Estas pedras, medindo em média 5,49 metros de altura e pesando cerca de 25 toneladas cada, foram transportadas do Norte por 19 quilômetros. Entre 1500 a.C. e 1100 a.C., aproximadamente sessenta das pedras azuis foram restauradas e erguidas em um círculo interno, com outras dezenove, colocadas em forma ferradura, também dentro do círculo.
Estima-se que essas três fases da construção requereram mais de trinta milhões de horas de trabalho.
Recolhendo os dados a respeito do movimento de corpos celestiais, as observações de Stonehenge foram usadas para indicar os dias apropriados no ciclo ritual anual. Nesta consideração, é importante mencionar que a estrutura não foi usada somente para determinar o ciclo agrícola, uma vez que nesta região o Solstício de Verão ocorre bem após o começo da estação de crescimento; e o Solstício de inverno bem depois que a colheita é terminada. Desta forma, as teorias atuais a respeito da finalidade de Stonehenge sugerem seu uso simultâneo para observações astronômicas e a funções religiosas, sendo improvável que estivesse sendo utilizado após 1100 a.C..
A respeito da sua forma e funções arquitetônicas, os estudiosos sugeriram que Stonehenge - especialmente os seus círculos mais antigos - pretendia ser a réplica de um santuário de pedra, sendo que os de madeira eram mais comuns em épocas Neolíticas.
No dia 21 de Junho, o Sol nasce em perfeita exatidão sob a pedra principal.
Segundo dados mais recentes, obtidos por arqueólogos chefiados por Mike Parker Pearson, Stonehenge está relacionada com a existência do povoado Durrington. Este povoado formado por algumas dezenas de casas construídas entre 2600 a.C. e 2500 a.C., situado em Durrington Walls, perto de Salisbury, é considerada a maior aldeia neolítica do Reino Unido. Segundo os arqueólogos foi aí encontrada uma espécie de réplica de Stonehenge, em madeira.
Sol sobre o Stonehenge, durante o solstício de inverno.
Denominado pelos Saxões de "hanging stones" (pedras suspensas) e referido em escritos medievais como "dança dos gigantes", existem diversas lendas e mitos acerca da sua construção, creditada a diversos povos da Antiguidade.
Uma das opiniões mais populares foi a de John Aubrey. No século XVIII, antes do desenvolvimento dos métodos de datação arqueológica e da pesquisa histórica, foi quem primeiro associou este monumento, e outras estruturas megalíticas na Europa, aos antigoscionadas, difundiram-se na cultura popular do século XVII, mantendo-se até aos dias atuais.
Na realidade, os Druidas só apareceram na Grã-Bretanha após 300 a.C., mais de 1500 anos após os últimos círculos de pedra terem sido erguidos. Algumas evidências, entretanto, sugerem que os Druidas encontraram os círculos de pedra e os utilizaram com fins religiosos.
Outros autores sugeriram que os monumentos megalíticos foram erguidos pelos Romanos, embora esta idéia seja ainda mais improvável, uma vez que os Romanos só ocuparam as Ilhas Britânicas após 43, quase dois mil anos após a construção do monumento.
Somente com o desenvolvimento do método de datação a partir do Carbono-14 estabeleceram-se datas aproximadas para os círculos de pedra. Durante décadas não foram formuladas explicações plausíveis para a função dos círculos, além das suposições de que se destinavam a rituais e sacrifícios.
O mais famoso monumento da pré-história pode ter sido um centro de cura, para onde iam peregrinos há mais de 4.500 anos. A afirmação é de um grupo de arqueólogos que trabalha nas primeiras escavações em mais de 40 anos no monumento. O grupo acredita ter encontrado indícios que podem, finalmente, explicar os mistérios da construção de blocos de pedra. A equipe descobriu um encaixe que, no passado, abrigou as chamadas pedras azuis, rochas vulcânicas de tom azulado, a maioria já desaparecida, que formava a primeira estrutura construída no monumento. Eles acreditam que as pedras azuis podem confirmar a tese de que Stonehenge era um local onde as pessoas iam em busca de cura.
Em 2013, um grupo de estudos da Universidade College London levantou uma nova teoria de que Stonehenge pode ter surgido como um cemitério para famílias de elite por volta do ano 3000 A.C. Estudos de restos humanos encontrados no local, indicam que antes do monumento ser o que hoje se conhece, havia ali um grande círculo de pedras construído como um cemitério.
A arqueoastronomia
Nascer do Sol sobre o Stonehenge numa manhã de um solstício de verão (21 de junho de 2005).
Nas décadas de 1950 e de 1960, o professor Alexander Thom, coordenador da Universidade de Oxford e o astrônomo Gerald Hawkins abriram caminho para um novo campo de pesquisas, a Arqueoastronomia, dedicado ao estudo do conhecimento astronômico de civilizações antigas. Ambos conduziram exames acurados nestes e em outros círculos de pedra e em numerosos outros tipos de estruturas megalíticas, associando-os a alinhamentos astronômicos significativos às épocas em que foram erguidos. Estas evidências sugeriram que eles foram usados como observatórios astronômicos. Além disso, os arqueoastrônomos revelaram as habilidades matemáticas extraordinárias e a sofisticação da engenharia que os primitivos europeus desenvolveram, antes mesmo das culturas egípcia e mesopotâmica. Dois mil anos antes da formulação do teorema de Pitágoras, constatou-se que os construtores de Stonehenge incorporavam conhecimentos matemáticos como o conceito e o valor do {\displaystyle {\pi }} (Pi) em seus círculos de pedra.
A explicação científica para a construção está no ponto em que o monumento tenha sido concebido para que um observador em seu interior possa determinar, com exatidão, a ocorrência de datas significativas como solstícios e equinócios, eventos celestes que anunciam as mudanças de estação. Para isto basta se posicionar adequadamente entre os mais de 70 blocos de arenito que o compunham e observar-se na direção certa. Esta descoberta se deu em 1960, demonstrando, através da arqueologia, que os povos neolíticos, 3000 anos antes de Cristo, já tinham este conhecimento.
A importância estaria vinculada diretamente à agricultura dos povos da época. Segundo o historiador Johnni Langer, a vida dos povos agrícolas está ligada ao ciclo das estações, e o homem pré-histórico precisava demarcar o tempo para saber quais eram as melhores épocas para colheita e semeadura, e a observação do céu nasceu daí.
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