quarta-feira, 12 de abril de 2017

Sérgio Côrtes só foi nomeado por Cabral devido à larga experiência em corrupção


Currículo de Côrtes no Into impressionou Cabral

Carolina Morand 
O Globo

O empresário Miguel Iskin, preso neste terça-feira na operação Fatura Exposta, teria sido responsável por repassar R$ 450 mil por mês ao ex-governador Sérgio Cabral, de acordo com o Ministério Público Federal. Presidente da Oscar Iskin, empresa do ramo de equipamentos hospitalares, Miguel Inskin seria o “Xerife”, que aparece nas anotações encontradas na casa do operador Luiz Carlos Bezerra, durante a operação Calicute. As anotações são uma contabilidade paralela do esquema de corrupção liderado por Cabral. O nome “Xerife” aparece com regularidade ao lado do valor de R$ 450 mil, o que, segundo os investigadores, leva a crer que os pagamentos eram realizados mensalmente.

Miguel Iskin é apontado pelo Ministério Público Federal como o “grande corruptor” da iniciativa privada na área da saúde no Estado do Rio. Segundo a denúncia que levou à operação Fatura Exposta, desde 1990 Iskin é o grande fornecedor de equipamentos médico-hospitalares para o Estado e tem a função de organizar os fornecedores da Secretaria estadual de Saúde e do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into) para garantir o pagamento de propina a autoridades estaduais.

INFLUÊNCIA POLÍTICA – O MPF sustenta que sua influência no Into e na secretaria “persiste há mais de 20 anos, o que demonstra sua influência política e estabilidade na organização criminosa”.

Peça-chave na investigação, o delator Cesar Romero Vianna, ex-subsecretário executivo da secretaria de Saúde e ex-assessor da direção do Into, conta que foi apresentado a Iskin por Côrtes, quando ele era diretor-geral do Into. O empresário estava preocupado com a implementação de pregões eletrônicos no instituto, para substituir as compras feitas com dispensa de licitação. O próprio Côrtes teria dito a Romero que Iskin era uma pessoa “influente em Brasília” e que “seria um ótimo negócio para todos” se Romero conseguisse privilegiar suas empresas nas licitações.

PREGÃO “MUNDIAL” – O delator disse que, mesmo com o sistema eletrônico de compras, as licitações eram direcionadas para beneficiar Miguel Iskin. Com o tempo, no entanto, outras empresas passaram a se encaixar nos critérios exigidos pelos editais, o que prejudicava a hegemonia do empresário. Por isso, em 2004, Romero e Sergio Côrtes tiveram a ideia de lançar o pregão internacional para a compra de equipamentos para o Into.

O delator afirma que passou a existir um “clube do pregão internacional”, com empresas trazidas ao Brasil por Miguel Iskin, que faziam um rodízio para que cada uma ganhasse parte das licitações. Até os preços oferecidos pelas empresas nos pregões internacionais eram previamente acertado por Miguel Iskin e informados ao Into antes mesmo de ser lançado o edital de licitação.

CONTAS SECRETAS – No exterior, os valores pagos indevidamente eram repassados pelos fabricantes a Miguel Iskin em forma de taxa de serviços. Cesar Romero diz que a propina circulou em contas secretas internacionais.

O Ministério Público Federal apurou que Miguel Iskin solicitou adesão ao Regime Especial de Regularização Cambial, que permite a repatriação de recursos depositados em contas no exterior. Ele solicitou autorização para repatriar quase US$ 27 milhões depositados nas Bahamas, alegando que os recursos não declarados seriam referentes a comissões sobre vendas de produtos industriais de empresas sediadas no exterior.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Cabral nomeou Sérgio Côrtes para a Secretaria de Saúde em função do currículo do médico, que começou a enriquecer quando era diretor do Into. Era o homem certo no lugar certo, porque já tinha demonstrando larga experiência em corrupção. (C.N.)Posted in Tribuna da Internet

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