César Cavalcanti
É cada vez mais pronunciada pela população brasileira a expressão “todo político é ladrão”. Realmente, tal afirmativa tem a sua razão de ser, visto que os representantes do povo no Congresso, em sua maioria, não atendem aos anseios daqueles que os colocaram lá. Daí a generalização, que significa uma reação de protesto.
Generalização à parte – pois o ato de generalizar é uma das maiores fragilidades de argumentação de nossa época –, é aferível que os recentes escândalos de corrupção e o descaso com a coisa pública contribuem decididamente para pensamentos como estes.
Mesmo partilhando esse sentimento que transborda da indignação manifestada pela maioria de nossa população frente às imoralidades e ao tergiversar inconsequente de quem nos representa, é necessário ponderar que devemos tirar a “política” deste debate.
NOSSAS REGRAS – É bom dizer que a política, em sua essência (original), deve ser compreendida como uma atividade criada para que nós, homens e mulheres que fazemos a sociedade, possamos decidir as regras pelas quais viveremos e os objetivos que buscaremos coletivamente. Em seu cerne, portanto, a atividade política é alicerçada no desenvolvimento de óticas, ideias e conceitos com o propósito de definir e defender o que almejamos.
A junção das bases formadoras da política com a noção aristotélica de que a vida em sociedade, por meio da razão, é que nos faz humanos, e isso remete à difundida visão de que nós, seres humanos, realmente somos por natureza animais políticos. Sendo assim, como podemos questionar nossa importância?
CLASSE POLÍTICA – Não podemos cair na armadilha de nos esquivarmos de nossa responsabilidade, para o escapismo de atribuir ao “Sistema” toda a culpa. Seria muito cômodo. Da mesma maneira, não confundamos a “política”, um elemento fundamental para a elevação coletiva e cuja aversão é um símbolo de falta de consciência, com a “classe política”, que em grande parte está desmoralizada e míope.
A velha proposição que política é uma questão muito séria para ser deixada para os políticos vem a calhar. Reflitamos sobre o nosso papel.
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