quarta-feira, 12 de abril de 2017

E agora, o que Temer fará com os ministros envolvidos na Lava Jato?


Charge do Ivan Cabral (ivancabra.com)

Pedro do Coutto

Ao autorizar a Procuradoria-Geral da República a abrir investigações relativas a 9 ministros de estado, 29 senadores, 42 deputados federais, além de 3 governadores e outros mais, o Ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal, detonou sem dúvida uma bomba no arsenal de corrupção no país. Seu despacho estabelece um divisor de águas, já que atinge ministros do governo Michel Temer. Aliás, o dia de ontem foi marcado por duas explosões atingindo a corrupção: a primeira pela manhã, conforme reportagem da GloboNews, partindo da prisão de Sérgio Cortes, ex-secretário de Saúde do Rio de Janeiro. A segunda, muito mais abrangente, pelo número de políticos diretamente envolvidos.

As investigações requeridas pelo Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot foram feitas com base nas delações produzidas principalmente por Marcelo Odebrecht, incluindo também outros ex-executivos da empresa. Caso de Benedito Jr. que dirigiu a Odebrecht em vários desdobramentos.

VÊM AÍ AS DENÚNCIAS – O fato concreto predominante, sem dúvida é o de que a PGR já realizou as investigações que deram base a seu pedido, colhendo indícios e acolhendo as delações de empresários. Assim, as investigações autorizadas agora são de fato uma sequência de trabalhos já realizados. Alcançaram um caráter substantivo iluminando indícios robustos de ilegalidades.

Caso o ministro Edson Fachin não achasse fortes tais indícios, evidentemente não autorizaria a abertura de inquéritos. Mas como autorizou sua abertura é porque no mínimo concorda com os indícios que deram base à decisão requerida por Rodrigo Janot.

Problema sério para o governo Michel Temer que não poderá simplesmente ignorar as acusações existentes contra seus ministros, uma vez que inclusive já se pronunciou sobre a matéria, dizendo que se as investigações concluírem pela culpa os afastará até seu julgamento efetivo. Mas esta é outra questão.

PAÍS PARADO – O fato é que nada freia tanto o desenvolvimento econômico e social de um país como a corrupção. Que representa uma bofetada na face da nação e um forte acelerador da concentração de renda, pois na escala que atingiu não se encontram pessoas de renda mais baixa, pelo contrário.

Voltando as explosões de ontem, servem elas de um divisor de águas entre a política de ontem e aquela que será praticada a partir de agora. O presidente Michel Temer certamente tem esta visão do problema. Os estilhaços das detonações de ontem ainda não repousam totalmente neste país chamado Brasil.
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