sexta-feira, 24 de março de 2017

Odebrecht conseguiu R$ 1,3 bilhão do FI-FGTS através de suborno generalizado

Charge reproduzida do Arquivo Google

Wálter Nunes
Folha

O ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura Benedicto Junior, conhecido como BJ, disse, em sua delação premiada no âmbito da Operação Lava Jato, que às vésperas da eleição de 2010 a empresa negociou pagamento de R$ 13,5 milhões para um conselheiro do Fundo de Investimento do FGTS (FI-FGTS) para ele facilitar um negócio bilionário com a companhia baiana. O dinheiro pago seria contrapartida de 1% à aprovação de um aporte de R$ 1,3 bilhão do FI-FGTS para adquirir 30% da Odebrecht Transport Participações, empresa recém-criada pelo grupo.

O FI-FGTS foi criado em 2007 para investir dinheiro do fundo do trabalhador nas obras de infraestrutura do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Segundo a delação, a negociação foi feita entre o então presidente da Odebrecht Transport, Geraldo Villin, e André Luiz de Souza, indicado pela CUT (Central Única dos Trabalhadores) para fazer parte do grupo de apoio permanente que assessora o conselho e o comitê de investimento do FI-FGTS.

NEGÓCIO FECHADO – A Caixa Econômica Federal era responsável pela gestão do FI-FGTS. Após o pagamento de R$ 13,5 milhões, o negócio com o FI-FGTS saiu.

Conforme a Folha revelou, Souza aparece também na delação de Fernando Reis, ex-presidente da Odebrecht Ambiental. Reis disse que, em 2009, Souza recebeu R$ 8 milhões, depositados na Suíça, a título de “consultoria” para ajudar que o FI-FGTS comprasse 25% da Odebrecht Ambiental por R$ 650 milhões.

Três anos depois do acerto entre a Odebrecht Transport e o fundo de investimento do FGTS houve outra negociação para um novo aporte na empresa. Nas delações de BJ e de Paulo Cesena, que substituiu Villin na presidência da Odebrecht Transport, aparece a história de uma combinação para que o FI-FGTS investisse o valor de R$ 429 milhões no braço de transportes do grupo baiano.

BNDES E CUNHA – O fundo pretendia capitalizar a Odebrecht Transport em seguimento a uma investida do BNDES, que também havia colocado dinheiro na empresa. Dessa vez quem prometeu facilitar as coisas para a liberação de dinheiro do FI-FGTS foi o ex-deputado federal Eduardo Cunha. Segundo os executivos da Odebrecht, Cunha cobrou propina de 1% do valor da operação.

O ex-deputado justificou o valor do suborno de R$ 4 milhões dizendo que teria que repassar dinheiro a Fábio Cleto, na ocasião vice-presidente de Loterias da Caixa, e para três conselheiros do FI-FGTS. Nomeou como recebedores do repasse os conselheiros João Graça, ligado ao PDT, Luiz Fernando Emediato, ligado à Força Sindical, e uma pessoa ligada ao PT, não identificada por Cunha.

Após o pagamento do suborno o aporte de R$ 429 milhões foi liberado.

CUNHA MENTIRA – Cleto é delator em processo que investiga desvios na Caixa Econômica Federal. Ele menciona o episódio na sua delação. Diz que foi procurado por Cunha, em 2013, para que se posicionasse favoravelmente ao aporte de R$ 420 milhões na Odebrecht Transport. Cunha disse na ocasião que aquele caso específico era um favor e não envolvia pagamento de propina.

Cleto afirma na delação ter desconfiado que Cunha estava mentindo para ficar com o dinheiro todo para ele. Mesmo sem receber dinheiro por isso, Cleto apoiou o aporte.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Vejam aonde foi parar o dinheiro (FGTS) do trabalhador brasileiro, esse otário que agora está ameaçado de perder seus direitos com a terceirização irrestrita aprovada sob a batuta do deputado Rodrigo Maia, que foi eleito para ser representante do povo, segundo a prática democrática, mas na verdade somente representa interesses inconfessáveis. Esse dinheiro do FI-FGTS, “investido” na Odebrecht, hoje tem o mesmo valor das ações daquelas empresas de papel que Eike Batista criou. (C.N.)Posted in Tribuna da Internet

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