SEX 10 MARÇO 2017 12:20 ATUALIZADO EM SEX 10 MARÇO 2017 10:54
Marcelo Sant'Anna/Imprensa MG
Grupo de Intervenção Rápida - GIR, o único em Minas composto exclusivamente por mulheres
Elas estão presentes nas escoltas e intervenções penitenciárias, muralhas, Inteligência, direção de unidades, coordenação de segurança e em todos os outros setores da Secretaria de Estado de Administração Prisional de Minas Gerais (Seap). As mulheres, cada vez mais, ocupam cargos administrativos e operacionais e assumem papel de destaque em Minas Gerais.
Um exemplo disso é a agente de segurança penitenciária de carreira, Sara Simões, que - com 23 anos de experiência – está agora no comando da Superintendência de Segurança Prisional da Seap. É a primeira mulher a ocupar o posto.
“Em um universo tradicionalmente masculino, se destacar pelo trabalho é uma realização”, afirma a superintendente. Sara administra a segurança prisional das 186 unidades do Estado e comanda 17,7 mil agentes de segurança penitenciários, sendo 2,9 mil mulheres e 14,8 mil homens, que precisam estar bem treinados e comprometidos. “No Sistema Prisional, encontrei minha verdadeira missão”, revela Sara Simões.
Já para aprimorar a humanização do cumprimento da pena - uma das metas do Governo de Minas Gerais - o secretário de Estado de Administração Prisional, Francisco Kupidlowski, apostou na expertise da defensora pública Emília Castilho, conhecida pela seriedade e dedicação.
Emília assumiu a Subsecretaria de Humanização do Atendimento, em novembro de 2016, com a missão de promover frentes de estudo e trabalho, propiciando, assim, a ressocialização dos indivíduos privados de liberdade.
A Seap trabalha pela humanização de todo os detentos do Sistema Prisional mineiro. “Dentro desse universo, as mulheres privadas de liberdade representam cerca de 5%, mas há um detalhe importante. Buscamos implementar políticas que fomentem o empoderamento delas, de maneira que haja uma emancipação individual”, destaca a subsecretária.
Para cumprir essa missão, Emília também conta com o apoio da superintendente de Atendimento ao Indivíduo Privado de Liberdade, Louise Bernardes, responsável, por exemplo, por colocar em prática o projeto de um uniforme produzido pelas próprias detentas. Sem apelar para a sensualidade, a roupa respeita as formas do corpo feminino.
“Com isso, auxiliamos no resgate da identidade dessas mulheres. E o melhor: sem custos adicionais”, enfatiza Louise. Os novos modelos são mais acinturados, têm decote em “V” e mangas mais curtas. As calças ganharam bolsos na parte de trás e um cós reto que substitui o elástico na frente.
“A mudança refletiu na minha autoestima”, revela Mariene Gonçalves, que cumpre pena no Complexo Penitenciário Feminino Estevão Pinto, em Belo Horizonte.
Nas unidades prisionais
A Estevão Pinto é a maior unidade feminina do Estado, comandada pela diretora-geral Juliana Camargos, agente de segurança penitenciária de carreira, que coordena 180 profissionais, sendo que 95% deles são mulheres. Uma delas é a integrante identificada como 01, líder de equipe do Grupo de Intervenção Rápida - GIR da unidade, o único em Minas composto exclusivamente por mulheres.
O GIR foi criado em 2012 e atua em situações emergenciais, bem como nas que envolvam maior grau de complexidade nas unidades prisionais do Estado. “Já entrei para a carreira de agente vislumbrando integrar o grupo porque me identifiquei com o trabalho”, conta 01.
A 360 quilômetros da capital está o Presídio de Caxambu, criado exclusivamente para mulheres, onde Viviane Tavares atua como coordenadora de plantão. Viviane é agente penitenciária há dez ano. É apaixonada pela profissão.
Ela conta que viu uma grande evolução da participação feminina nesse período. “De lá para cá, o Sistema Prisional cresceu muito. Na época, não éramos tão vistas. Hoje, as mulheres ocupam diversos cargos de responsabilidade no Sistema”, revela a coordenadora.
Década de 40
Se em 10 anos o sistema evoluiu, em 71 anos as conquistas para as profissionais do sexo feminino foram ainda mais amplas. É o que conta a aposentada Efigênia Neves, de 92 anos. Em 1945, uma época de preconceito e tabu, Efigênia começou como auxiliar-executiva no Presidio Antônio Dutra Ladeira, em Ribeirão das Neves, fazendo o registro dos presos em uma máquina de datilografar.
Quando o namorado pediu que ela escolhesse entre o relacionamento e a profissão, já que ele não aceitava o fato de uma mulher trabalhar em presídio, Efigênia preferiu terminar com o pretendente. E não se arrepende. Ela garante ter sido muito feliz na escolha.
Agência Minas Gerais
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