sábado, 4 de fevereiro de 2017

Homenagem a Nelson Pereira dos Santos reúne 30 filmes na capital paulista

04/02/2017 11h03
São Paulo
Daniel Mello - Repórter da Agência Brasil

Com 69 anos de carreira e 88 de vida, o cineasta Nelson Pereira dos Santos é homenageado em mostra de cinema no Cine Caixa Belas Artes, de 9 a 22 de fevereiro. Serão exibidos 30 filmes, reunindo quase toda obra do diretor e produções em que ele atuou em outras funções, como produtor ou montador. “Quem for assistir terá uma aula do cinema brasileiro dos últimos 60 anos pelo menos”, afirma um dos curadores, Breno Lira Gomes.

Paulista, Nelson começou a carreira no estado natal, mas foi no Rio de Janeiro que se consolidou e ganhou projeção. Dessa época, da década de 1950, o público vai poder conhecer ou rever a zona norte do Rio. “Ele traz essa experiência do neo-realismo italiano e dá uma nova cara para o cinema brasileiro”, comenta Gomes sobre os filmes dessa fase do cineasta, que inclui Rio 40 graus, o único longa que não será exibido devido a pendências judiciais.

A ligação com a literatura também é uma vertente explorada pela programação. Essa relação será discutida em uma masterclass da pesquisadora Angélica Coutinho, no dia 18. Saíram dos livros para as telas, pelo olhar de Nelson, o conto A Terceira Margem do Rio, de Guimarães Rosa; o romance Vidas Secas, de Graciliano Rmos; e a peça Boca de Ouro, de Nelson Rodrigues.

Documentários
Como marca constante, Gomes destaca a preocupação do cineasta com temas sociais e políticos. “Ele faz Brasília 18% usando toda a mítica que a cidade envolve. Tem o que está ali no entorno do poder, política e conexões entre público e privado. Esse olhar para o que está acontecendo no mundo hoje”, diz sobre o último longa de ficção do diretor, lançado em 2006.

O cineasta realizou mais três documentários, dois deles sobre o músico Tom Jobim. Em A Música Segundo Tom Jobim, imagens de arquivo mostram as composições do brasileiro por diversos intérpretes e em várias línguas. A Luz do Tom reúne depoimentos sobre o músico. “Ele mostra a diversidade do personagem, que é o Tom Jobim, mas também a diversidade dele como realizador, como ele está aberto a experimentar e fazer coisas diferentes do que está acostumado”, destaca o curador.

Essa postura, de continuar depois de tanto tempo de atividade e se desafiando constantemente, é, na opinião de Gomes, uma inspiração para os artistas mais jovens. “Acho que isso é sempre um respiro para quem está começando. Para os novos cineastas, serve como estímulo. Nelson Pereira ainda está filmando, atento ao que está acontecendo e aberto a experimentar”.

Edição: Armando Cardoso
Agência Brasil

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Nelson em 1998.

Nelson Pereira dos Santos (São Paulo, 22 de outubro de 1928) é um diretor de cinema brasileiro.

Bacharel em direito pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, turma de 1952.

Considerado um dos mais importantes cineastas do país, seu filme Vidas Secas, baseado na obra de Graciliano Ramos, é um dos filmes brasileiros mais premiados em todos os tempos, sendo reconhecido como obra-prima.

Foi um dos precursores do movimento do Cinema Novo.

É o fundador do curso de graduação em Cinema da Universidade Federal Fluminense, sendo professor do Instituto de Arte e Comunicação Social da UFF.

1949 - Juventude (curta-metragem)
1982 - Missa do Galo (curta-metragem)
1987 - Jubiabá
2000 - Casa Grande & Senzala (série documental para TV)
2001 - Meu Cumpadre Zé Keti (curta-metragem)
2004 - Raízes do Brasil (documentário)
2009 - Português, a Língua do Brasil (documentário)
2012 - A Música segundo Tom Jobim (documentário)
2012 - A Luz do Tom (documentário)
Academia Brasileira de Letras[editar | editar código-fonte]

Em 2006 foi eleito para a Academia Brasileira de Letras (ABL), ocupando a cadeira 7, cujo patrono é Castro Alves. É o primeiro cineasta brasileiro a se tornar membro da ABL.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Nelson_Pereira_dos_Santos

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