Charge do Pelicano, reproduzida da Charge Online
Vicente Nunes
Correio Braziliense
O governo começou a quarta-feira pronto para surfar numa ótima notícia, a menor inflação (0,38%) para meses de janeiro desde 1994, mas acabou terminando o dia enrolado numa arapuca que ele próprio armou com a nomeação de Moreira Franco, citado em várias delações no âmbito da Lava-Jato, para um ministério. Desde o anúncio de que o fiel aliado do presidente Michel Temer passaria a ter foro privilegiado, livrando-se das garras de Sérgio Moro, já se sabia que coisa boa não viria.
Para um presidente que não tem apoio popular, criar esse tipo de confusão é um claro sinal de falta de sintonia com as ruas. Temer deveria se preocupar em fazer o menor ruído possível na política e tirar proveito das boas informações que começam a pipocar no campo econômico.
HÁ MELHORAS – Alguns indicadores de atividade apontam que, timidamente, a recessão está sendo deixada para trás. A inflação vem caindo com tanta força que pode encerrar este ano abaixo do centro da meta, de 4,5%. Isso permitirá que o Banco Central acelere o corte na taxa básica de juros (Selic), que tende a ceder de 13% para 12% ainda neste mês. Esses indicadores sinalizam uma melhora na sensação de bem-estar da população.
O governo, no entanto, parece ter um único objetivo neste momento: criar barreiras para a Lava-Jato. Da mesma forma que tentou blindar Moreira, o presidente indicou para o Supremo Tribunal Federal (STF) seu ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, filiado ao PSDB, que terá a missão de revisar os processos relacionados à corrupção que devastou a Petrobras.
E o descaso com a opinião pública é tamanho que o Palácio do Planalto apoiou a indicação do senador Edison Lobão, citado em várias delações da Lava-Jato, para o comando da Comissão de Constituição em Justiça (CCJ), responsável por sabatinar o futuro ministro do STF. Como confiar?
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