SEX 30 DEZEMBRO 2016 08:51 ATUALIZADO EM QUI 29 DEZEMBRO 2016 17:12
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Minas Gerais tem mais de 600 policiais militares instrutores do programa
Em João Pinheiro, no Território Noroeste, a criminalidade entre jovens caiu quase 70% entre os anos de 2009 a 2015. Para o Comissário da Infância e da Juventude do município, Joaquim Osmar, a redução se deve à adoção do Programa Educacional de Resistência às Drogas (Proerd), da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), nas escolas da cidade. Instituído no Brasil em 1992, o programa chegou a Minas Gerais cinco anos depois e mais de três milhões de crianças, adolescentes e pais já foram atendidos e capacitados.
Criado em 1983 em Los Angeles, o Drug Abuse Resistance Education (D.A.R.E.) foi batizado de Proerd no Brasil. “Todos os policiais que se tornam instrutores do programa precisam passar por treinamento específico, e o Estado, por sua vez, precisa ter uma chancela da ONG Dare America, que é proprietária da marca, para utilizar e multiplicar a metodologia”, explica a coordenadora estadual do Proerd, Major Ana Paula de Lima Neves.
Em 2016, somente Minas Gerais, Santa Catarina e Rio de Janeiro - de um total de sete estados que têm Centros de Treinamento Internacionais D.A.R.E/Proerd -, receberam a chancela para continuar o trabalho.
“O programa passou por algumas mudanças metodológicas no treinamento do policial militar, e, para isso, foi preciso passar por um novo treinamento, dentro dos novos parâmetros. É uma honra que tenhamos conseguido a nova chancela. Isso é um reflexo da qualidade do Proerd em Minas Gerais e da seriedade com a qual a PMMG desenvolve este trabalho”, ressalta.
O Proerd consiste em um esforço conjunto entre a Polícia Militar, escola e família, e objetiva preparar crianças e adolescentes para fazerem escolhas seguras e responsáveis. Assim, o programa previne o uso de drogas e a criminalidade entre jovens. Hoje, Minas Gerais tem mais de 600 policiais militares instrutores do programa.
“Por meio de atividades educacionais em sala de aula, o policial militar fornece aos jovens as estratégias adequadas para tornarem-se bons cidadãos e resistir à oferta de drogas. Com ações direcionadas à comunidade escolar e aos pais, o Proerd também promove a inclusão da família no processo educacional e de prevenção”, reforça a Major Ana Paula.
No município de João Pinheiro, uma vez por semana o cabo Alexandro dos Santos roda 150 km para chegar ao distrito rural de Cana Brava e levar o Proerd aos alunos do quinto ano das duas escolas locais.
Instrutor desde 2007, ele levou o programa para a cidade em 2008 e observou a queda crescente na criminalidade entre menores desde então. “Vemos de perto a mudança na vida de muitas crianças e adolescentes, que passam a repensar suas escolhas de vida”, relata.
Hoje, Alexandro atende 13 escolas na cidade, com uma média de 700 alunos. “Dar aulas de Proerd é minha paixão”, declara. Por conta do trabalho desenvolvido, o militar recebeu o título de Cidadão Honorário Pinheirense no ano passado.
Para o Comissário da Infância e da Juventude do município, Joaquim Osmar, que desde 2007 acompanha o registro de ocorrências na cidade envolvendo menores - como vítimas ou autores -, a eficiência do programa é comprovada pelas estatísticas. “Diversos programas e projetos sociais sempre foram desenvolvidos em João Pinheiro, mas, após o início do Proerd, em 2008, houve uma redução gradativa e impressionante das ocorrências. Pulamos de 474 registros naquele ano para 156 em 2015”, comemora.
Reflexo em casa
Em Sete Lagoas, no Território Metropolitano, a 2º sargento Edenília Honório dá aula para 22 turmas de Proerd, em oito escolas. “O currículo do programa me encanta. O da educação infantil, por exemplo, é muito lúdico, ilustrado. Cada módulo é voltado para a faixa etária correspondente, e funciona muito bem”, destaca.
Para Edenília, o trabalho como instrutora é gratificante. “O retorno é muito positivo. Há três meses encontrei um rapaz na rua, que me abordou e agradeceu pela mudança de vida após as aulas. Ele tinha sido reprovado três vezes no colégio, não levava nada a sério, e hoje está formado e trabalhando. Os pais também relatam a melhoria na harmonia familiar dentro de casa após as aulas”, relata.
“Mas, o Proerd também exige dos policiais instrutores muita dedicação e responsabilidade, pois, apesar de ter um currículo fixo, o programa exige que trabalhemos com muito amor, pois estamos lidando com pessoas e com seus sentimentos”, completa.
Luís Otávio Maia, 11 anos, aluno do Colégio Sesi Sete Lagoas, espera as terças-feiras ansioso, quando tem as aulas do Proerd, que começaram este ano. “É muito construtivo. A gente consegue aprender com a sargento o que está acontecendo no mundo, como evitar as escolhas ruins da vida e ser bom cidadão”, conta.
Luís explica que, ao final de cada aula, ele e os colegas anotam em um diário o que aprenderam naquele dia. “Eu sempre comento com meus pais os assuntos que a gente vê com no Proerd. Por exemplo, o que mais gostei até agora foi aprender sobre os efeitos negativos do cigarro e do álcool na nossa vida”, diz.
Currículo diversificado
Por meio do Proerd, os policiais militares habilitados entram em sala de aula, e, uma vez por semana, têm um horário com duração de 50 minutos para trabalhar os currículos do programa. Eles são apropriados para cada faixa etária e representam uma ação do Estado na prevenção primária.
“As habilidades trabalhadas são desenvolvidas de forma gradual, desde o jardim de infância até o Ensino Médio, e temos também um currículo voltado para preparar os adultos a ajudar crianças e adolescentes a colocarem estes conhecimentos em prática”, ressalta a coordenadora estadual do Proerd, Major Ana Paula Neves.
Agência Minas
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