quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Uma lição dos bombeiros para melhorar a política


Charge do Ivan Cabral (ivancabral.com)

Carlos Chagas

Somados, os votos em branco, os nulos, as abstenções e as ausências quase chegaram à metade do eleitorado em várias capitais. Recado maior as urnas não poderiam ter dado. Importa menos se a pergunta não foi feita pelos institutos de pesquisa eleitoral, porque estava no ar que a gente respira: a rejeição nacional ao sistema político vigente, ou melhor, aos políticos. E agora?

Foi-se com o vento a suposição de que o povo não está preparado para votar. Está, sim senhor. Tanto que nas próximas eleições parece inevitável assistir a maioria dando as costas à farsa encenada pela minoria.

O Brasil real está prestes a despedir-se do Brasil formal. Em dois anos o não-voto irá superar o voto que algum candidato a presidente da República vier a ostentar como vencedor.

Tem saída? Várias, inclusive as amargas, sendo a pior delas deixar tudo como está. Fingir que nada aconteceu ou pretender que as instituições atuais nos bastam.

EXEMPLO DOS BOMBEIROS – Muitos supõem uma nova Constituição ou uma amplíssima reforma na atual. Não vai dar, se os personagens forem os mesmos.

Não só os bombeiros ensinam que fogo se combate com fogo. Democracia também pode ser consertada com democracia. Por que não promover eleições gerais, em todos os níveis? Talvez os ausentes de domingo passado se animassem a comparecer, desde que se estabelecesse que ninguém, mas ninguém mesmo, pudesse recandidatar-se. Sem reeleições municipais, estaduais e federais. Seria um risco, é claro, mas pior não ficaria.

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