segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Polícias analisam aumento de roubos em Juiz de Fora

15/08/2016 18h50 - Atualizado em 15/08/2016 18h50

Do G1 Zona da Mata


Segundo a PM, 650 pedestres foram assaltados entre janeiro e julho deste ano 
(Foto: Reprodução/TV Integração)

O número de roubos nas ruas, casas e estabelecimentos comerciais aumentou em Juiz de Fora, de acordo com dados da Polícia Militar (PM). Houve 650 registros envolvendo transeuntes entre janeiro e julho deste ano. Em 42 casos, as vítimas foram rendidas dentro de casa e 314 ocorrências envolveram roubo de valores de proprietários ou funcionários de estabelecimentos comerciais.

No mesmo período em 2015, foram 466 roubos a transeuntes, 34 roubos a residências e 200 roubos consumados a estabelecimentos comerciais.

A PM informou que está atuando para coibir esse tipo de crime, reforçando o patrulhamento e destacou orientações de autoproteção para a comunidade. O delegado de Repressão a Roubos, Rafael Gomes, ressaltou que nos últimos três meses, 100 pessoas foram presas e que investigações continuam para identificar outros envolvidos.

Sensação de insegurança
Uma das vítimas de roubo neste ano foi a enfermeira Rinéllia Oliveira. No início da noite de 5 de abril, ela passava pela Avenida Barão do Rio Branco, quando foi abordada por um homem armado.

"Uma pessoa me abraçou, colocou uma faca na minha cintura e anunciou que era um assalto, mandando que eu continuasse a atravessar a Rua São Sebastião, em direção à Praça Menelick de Carvalho. No meio da rua, ele mandou que eu passasse tudo que estava dentro da bolsa. Eu peguei o celular e o dinheiro que eu tinha, R$ 660”, explicou.

Mesmo depois que conseguiu o dinheiro e o celular, o assaltante fez ameaças. “Ele voltou comigo e falou que ia me acompanhar até o ponto de ônibus e que eu não fizesse nenhum movimento brusco, que não desse sinal de nada, que ele me mataria ali mesmo, porque não tinha nada a perder. Ele me colocou no ônibus mandando que eu não olhasse para trás para não ver para onde ele ia. Assim eu fiz, entrei no ônibus e desci no outro ponto. Estava totalmente apavorada, sem reação nenhuma”, lembrou.

A enfermeira relatou que foi ao posto policial para fazer o Boletim de Ocorrência (BO), mas que o assaltante não foi encontrado.

O comerciante Aparecido Marques perdeu a tranquilidade. Ele é dono de um bar no Bairro Vivendas da Serra que foi alvo de ladrões no fim de julho. O prejuízo foi de quase R$ 3 mil e mudança na rotina.

“Tenho que tirar as mercadorias do bar todo dia. Levo para casa as mais caras e volto de manhã com tudo. Todo dia tenho todo esse trabalho. Tem cerca, mas nada adianta. Já pensei em anunciar a venda o bar, que tem só cinco meses que abri”, afirmou.

Também em julho, duas famílias foram feitas reféns em casa em menos de dois dias. No dia 16, no Bairro Bom Jardim, os moradores foram rendidos por dois ladrões, um deles armado, que levaram cerca de R$ 31.500, um celular, algumas joias e um relógio.

Dois dias depois, no Bairro Parque Independência III, quatro ladrões encapuzados, dois deles armados, aproveitaram que um homem de 47 anos estava carregando o caminhão com hortifrútis para entrar na casa e render o morador, a esposa, os filhos adolescentes e o sobrinho. Os suspeitos fizeram ameaças e disseram que sabia que haveria dinheiro no local. O morador disse onde guardava R$ 6 mil e os ladrões fugiram com o carro da família.

No dia 30 de julho, dois homens abordaram um morador do Barbosa Lage com o pretexto de perguntar se a vítima sabia de alguma vaga de emprego nas imediações. Após a resposta negativa, a vítima foi rendida por um dos suspeitos, que estava com uma arma de fogo e anunciou o roubo. Ele foi conduzido para o andar superior da residência, onde outro morador foi rendido. Os homens levaram dois celulares e R$ 600.

Posicionamento da polícia
A PM informou que diante das estatísticas já foi iniciado o trabalho para reduzir o registro de casos. “Estamos com viaturas e patrulhamento lançados para a localização e abordagem de pessoas suspeitas, ou quem estiver com armas de fogo, para apreender a arma e deter estas pessoas. Estamos fazendo visitas e patrulhamento nos locais onde mais ocorrem estes tipos de crime e, assim, dar uma melhor condição de segurança para todos”, destacou o assessor de comunicação da PM, major Marcellus Machado.

O major também orientou as pessoas a adotarem normas de autoproteção. “De modo geral, as circunstâncias que levam ao crime passam pela falta de vigilância, a oportunidade e o infrator motivado. Por isso, destacamos que as pessoas devem evitar expor fragilidades, como manter portas ou janelas abertas ou deixar algum objeto próximo ao muro que possa ser usado para entrar nas casas”, comentou.

Outra observação feita a partir do relato das vítimas nos boletins de ocorrência é de ameaças e agressões feitas pelos ladrões. Segundo a PM, as pessoas não devem reagir se forem abordadas.

“O criminoso busca, a todo momento, uma forma de obrigar a vítima a se manter em silêncio. Ele quer agilizar e pegar logo o bem para si. A vítima não tem noção de como ele mapeou a ação. Há casos em que um aborda, mas tem outras pessoas dando cobertura que não são percebidas. Orientamos que as pessoas mantenham a calma e tentem guardar características que permitam a identificação do suspeito depois”, explicou.

O delegado de Repressão a Roubos, Rafael Gomes, destacou que o atual cenário social e econômico pode contribuir para o aumento destas ocorrências. “O país está passando por uma grave crise econômica que tem afetado diversos setores, o nível de desemprego aumentou, então isso contribui para o aumento dos crimes de roubo. E ainda os fatores sociais. Temos o problema da droga porque o usuário acaba se arriscando no crime, fazendo que os índices acabem aumentando”, analisou.

Neste mês, dois suspeitos do roubo a uma multinacional foram presos, assim como suspeitos que tentaram após tentarem roubar lotéricas na cidade. “Nosso objetivo é demonstrar para os indivíduos que serão identificados e presos”, afirmou o delegado.

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