Lewandowski assistiu ao golpe contra a Constituição
Carlos Newton
Uma sessão chatíssima, que deveria ser rápida e objetiva, mas se prolongou indevidamente devido a um destaque apresentado pela bancada do PT, para que Dilma não fosse condenada à inabilitação do exercício de função pública, em flagrante desrespeito à Constituição Federal. Devido a esse requerimento petista, houve debates que não estava previstos e a sessão foi se estendendo, com intermináveis perorações do presidente Ricardo Lewandowski. Até que, esgotados os pronunciamentos de acusação e defesa, que repetiam as mesmas argumentações assacadas há meses, enfim foi colocado em votação o impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff.
Não houve a menor novidade, com 61 votos favoráveis à cassação do mandato da petista e apenas 20 votos contrários, exatamente o resultado que havia sido previsto pela cúpula do governo de Michel Temer. Com isso, está encerrada a era do PT e a política brasileira começa a viver uma nova realidade etc. e tal.
CONSTITUIÇÃO EM RISCO – Mas a grande novidade veio logo a seguir, quando o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) pediu a palavra inoportunamente e o presidente Lewandowski inadvertidamente a concedeu.
O parlamentar fez então um breve e inflamado pronunciamento, exibindo um exemplar da Constituição, para alegar que a democracia é mutante e defender justamente que os senadores aceitassem o destaque do PT e desrespeitassem o artigo que previa a inabilitação de Dilma Vana Rousseff para o exercício de função pública por oito anos, como acontecera com o então presidente Fernando Collor em 1992.
GOLPE PARLAMENTAR – Com isso, enfim houve um golpe no impeachment de Dilma, exatamente um “golpe parlamentar” como ela tanto denunciou. Só que não foi ela a atingida. O Senado preferiu golpear diretamente a Constituição, pelo voto de apenas 36 parlamentares, que sequer significam a maioria absoluta do plenário.
É por essas e outras que os jornalistas estrangeiros não conseguem entender a política brasileira, sempre escrevem muitas bobagens a nosso respeito. Realmente fica difícil acreditar que apenas 36 senadores, de uma hora para a outra, consigam alterar a Constituição de um país importante como o Brasil – quinto maior em extensão territorial e população, oitava economia mundial. Mas foi o exatamente o que aconteceu e ficará registrado nos documentários sobre o impeachment.
E agora todos podemos imitar Francelino Pereira e Renato Russo, para indagar: “Que país é esse?”
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