quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Após explosão, atividades na fábrica da Imbel em MG estão suspensas

17/08/2016 11h22 - Atualizado em 17/08/2016 11h40

Do G1 Zona da Mata
Empresa suspendeu atividades nesta quarta para apurar causas da explosão e incêndio em um dos paióis na noite de terça (Foto: Reprodução/TV Integração)

As atividades na unidade da Indústria de Material Bélico do Brasil (Imbel) de Juiz de Fora estão paralisadas nesta quarta-feira (17), após a explosão e incêndio de um paiol na noite desta terça (16). O risco de novas explosões foi descartado e agora o trabalho é de avaliação dos danos. Este foi o segundo caso de explosão na fábrica, o primeiro ocorreu em 1944.

Equipes dos Bombeiros participam do rescaldo junto com uma equipe especializada do Exército nesta manhã. Segundo a corporação e o Exército, foram registrados danos materiais na empresa, em casas e carros próximos. Não houve feridos nem mortos.

Um paiol foi totalmente destruído e ainda existem munições no local, mas o risco é mínimo, segundo o Exército. Um outro paiol foi destruído parcialmente. Outros depósitos não foram atingidos. Não há previsão para retirada dos armamentos.

Explosão na fábrica da Imbel em Juiz de Fora
(Foto: Gláucia Mendes Paulino/Arquivo Pessoal)

As causas da explosão serão investigadas pelo Exército. A Imbel informou que foi aberto um inquérito técnico-administrativo interno. O laudo deve sair em 30 dias.

Além disso, a direção da empresa está recebendo moradores vizinhos na ABCR para o cadastro dos danos que tiveram com a explosão.

Os funcionários conversaram com representantes da direção da fábrica e foram liberados nesta quarta. O Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Químicas, Farmacêuticas e Material Plástico (STIQUIFAMP) realizou assembleia nesta manhã com os empregados.

Foi decidido que será encaminhado um pedido ao Ministério Público do Trabalho sobre garantia de segurança para os 270 funcionários. "Queremos, em 48 horas, um laudo assinado pela empresa e pelos Bombeiros dando total segurança para que os trabalhadores retornem às funções. E que a fábrica fique interditada até a entrega deste documento", explicou o presidente do sindicato, Scipião da Rocha Júnior.

O presidente disse que, oficialmente, o sindicato ainda não tem informações detalhadas sobre a explosão. "A empresa não nos informou o que havia no paiol. Acreditamos que havia granadas, por converas com os trabalhadores e por causa dos estilhaços encontrados na região. Se a explosão tovesse acontecido durante a jornada de trabalho, as proporções seriam muito piores", comentou.
Agência bancária teve vidros quebrados após explosão 
(Foto: Reprodução/TV Integração)

Segundo Scipião da Rocha Júnior, diante da ocorrência, o sindicato irá reforçar a cobrança por benefícios que foram cortados de forma unilateral pela empresa.

"Há oito meses, foram cortados o seguro de vida, café da manhã na entrada do turno e o plano de saúde. Entramos na Justiça e ganhamos em primeria instância o retorno do seguro de vida, mas a empresa recorreu. Além disso, a empresa também deveria voltar com o café da manhã, sob pena de multa diária de R$ 5 por trabalhador, mas também recorreu", afirmou.

Outro questionamento do sindicato será sobre o efetivo noturno na empresa. "Estive no local até a madrugada desta quarta e apurei que a vigilância patrimonial trabalha com quatro guardas, mas na hora da explosão, o grupo estava incompleto, porque só havia dois no local", disse Scipião da Rocha Júnior.

O G1 entrou em contato com a assessoria da Imbel em Brasília e aguarda retorno sobre as alegações do sindicato.

Posicionamento da Imbel
Em nota publicada no site oficial nesta manhã, a empresa explicou que a explosão atingiu o paiol número um da fábrica de Juiz de Fora, uma instalação que fica em área afastada de locais de circulação de pessoas e da área urbana destinada ao armazenamento de explosivos, sob condições de temperatura e umidade permanentemente controladas.

A equipe de controle de danos da fábrica e o Corpo de Bombeiros isolaram a área e realizaram o rescaldo do incêndio gerado pela explosão. A nota reforçou que o projeto de construção do paiol segue as normas técnicas vigentes, fazendo com que a explosão fosse verticalizada e que a onda de choque resultante fosse contida pela existência de uma barreira de terra circundante.
Vidros de casas do entorno da fábrica da Imbel quebraram 
(Foto: Marina Proton/G1)

A empresa disse que está tomando as medidas necessárias, assegurou que todos os requisitos de segurança previstos são rigorosamente cumpridos e que a empresa reitera o compromisso com a segurança dos empregados, das comunidades vizinhas e do patrimônio sob sua responsabilidade.

Unidade da Imbel em Juiz de Fora
A Imbel é constituída por cinco unidades de produção localizadas no Rio de Janeiro (RJ), Magé (RJ), Juiz de Fora (MG), Itajubá (MG) e Piquete (SP). A unidade de Juiz de Fora foi inaugurada em 1938, com o nome de Fábrica de Estojos e Espoletas de Artilharia (FEEA), mas já produzia em 1937.

De acordo com informações do site oficial da Imbel, a unidade em Juiz de Fora possui tecnologia própria para a fabricação de materiais de emprego militar, com qualidade assegurada por Certificado de Sistemas da Qualidade e Serviços Pós-entrega para Material Bélico Aeroespacial, foguetes e munições de 40 a 155 milímetros e suas embalagens.

São produzidas munições para morteiros 60, 81 e 120 milímetros, para canhões de 90 milímetros e para obuseiros 105 e 155 milímetros; motor foguete SBAT 70 M4B1 e cabeças de guerra AP e AC.
Faixa colocada pelo sindicato em ato em março de 2016 em frente à Imbel (Foto: Luís Alberto Alves/Comunicação CNTQ)

A explosão desta terça-feira é a segunda ocorrência na fábrica em Juiz de Fora. De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Químicas, Farmacêuticas e Material Plástico, em 7 de março de 1944, uma oficina explodiu na então FEEA, matando 14 trabalhadores, sendo 11 mulheres.

A ocorrência também é mencionada na justificativa do projeto de lei que solicitava a concessão do título de Entidade Benemérita à Indústria de Material Bélico do Brasil. A lei foi aprovada na Câmara e sancionada pelo Executivo em julho de 2014.
http://g1.globo.com/mg/zona-da-mata/noticia

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