Charge do Aroeira, reprodução do Portal O Dia
Carlos Newton
O Brasil vive um momento muito especial e delicado. Os três Poderes da República haviam caído no descrédito, estavam inteiramente desmoralizados. De repente, surgiu um fio de esperança, parecia haver possibilidade de recuperação do país através do Judiciário, em função do impressionante desempenho da força-tarefa da Lava Jato. A operação começou numa investigação aparentemente despretensiosa, lançada em Brasília pelo jovem delegado federal Márcio Ancelmo, que puxou o fio da meada e acabou desvendando a teia do maior esquema institucional de corrupção já registrado na História Universal, iniciado na Petrobras e com ramificações em outras estatais e diferentes órgãos públicos, incluindo bancos oficiais.
O inquérito inicial caiu na 13ª Vara Criminal de Curitiba, conduzida pelo jovem juiz Sérgio Moro, com experiência específica adquirida no espantoso processo da corrupção do Banestado, que até hoje não transitou em julgado, graças à leniência das instâncias superiores.
PRENDENDO AS ELITES – Desta vez, o juiz Moro sabia exatamente como devia agir para conduzir essa operação gigantesca e prender os criminosos ainda na primeira instância, sem possibilidade de reversão nas instâncias superiores, algo jamais visto na Justiça brasileira, realmente um trabalho judicial surpreendente e extraordinário.
Era surpreendente, nem dava para acreditar que os maiores empresários da construção civil estavam presos, sem privilégios, ao lado de autoridades, parlamentares federais e dirigentes de estatais, como se o mensalão tivesse revivido e agora prosseguisse em muito maior proporção e velocidade.
Com isso, a opinião voltou a acreditar no Judiciário, que é a mola propulsora da moralização do poder público. Todos sabem que, se a Justiça for implacável, todo o resto funciona. No entando, se houver leniência e impunidade, a corrupção logo volta a se alastrar.
OPOSIÇÃO A MORO – O juiz Moro, evidentemente, foi se transformando no maior ídolo nacional, uma celebridade do bem e da ordem. Se o Supremo seguisse na balada dele, poderia ser revertida a sensação de impunidade que tanto prejudica o país.
Mas o que se vê é exatamente o contrário. Há ministros do Supremo que tentam de todas as formas boicotar o trabalho do juiz. O decano Celso de Mello mandou libertar um réu condenado por homicídio qualificado, com ocultação de cadáver; o ministro Dias Tofolli determinou a soltura de seu amigo pessoal Paulo Bernardo, chefe da quadrilha do empréstimo consignado; e o ministro Marco Aurélio Mello também luta indomitamente para cancelar as prisões sem julgamento em segunda instância, o que significa libertar todos os réus da Java Jato.
JÁ TÊM CINCO VOTOS – Os ministros do STF que querem destruir a Lava Jato já têm cinco votos, contando com os de Rosa Weber e Ricardo Lewandowski. Portanto, falta apenas um voto para conseguirem o abominável objetivo. A situação é gravíssima, esses ministros do Supremo estão pouco se incomodando com a crise moral do país, vivem como se estivessem em outro mundo.
Os outros ministros são: Luiz Fux, Cármen Lúcia, Gilmar Mendes, Edson Fachin, Luís Roberto Barroso e Teori Zavascki. Como disse o Almirante Francisco Barroso, antes da histórica Batalha do Riachuelo, “o Brasil espera que cada um cumpra o seu dever”.
Barroso era português, mas seu amor ao Brasil não tinha limites. Os seis ministros do STF que podem manter a integridade da Lava Jato são brasileiros natos. Logo saberemos se eles realmente têm algum amor ao país. Se aceitarem libertar os réus da Lava Jato, ninguém sabe o que poderá acontecer, e não vale a pena arriscar.
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