Charge do SInovaldo, reprodução do Jornal NH
Jailton de Carvalho
O Globo
Em tentativa de fechar um acordo de delação premiada com a Lava-Jato, o ex-presidente da OAS José Adelmário Pinheiro, o Léo Pinheiro, teria dito aos procuradores que pagou por reformas no tríplex do edifício Solaris, no Guarujá, e em um sítio de Atibaia (SP) a pedido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, segundo reportagem da revista “Veja” publicada neste fim de semana. Pinheiro também teria afirmado que o tríplex 164-A do edifício Solaris sempre foi tratado, na empresa, como “o apartamento de Lula”.
Ainda segundo a revista, Pinheiro teria afirmado que Lula atuava como “lobista da OAS” e teria tratado diretamente com ele sobre as melhorias que gostaria que fossem realizadas no sítio Santa Bárbara.
De acordo com a publicação, o executivo teria citado pagamento de propina para pelo menos 30 políticos de partidos diversos, como PT, PMDB e PSDB. Entre eles está o senador e ex-candidato à Presidência Aécio Neves (PSDB-MG); o secretário de Governo da Presidência, Geddel Vieira Lima (PMDB-BA); e o senador Romero Jucá (PMDB-RR). Estariam ainda na lista o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afastado do mandato e da presidência da Câmara.
MELHORIAS NO SÍTIO
O sítio Santa Bárbara era usado pelo ex-presidente em momentos de folga e registrado em nome de sócios de seu filho, Fábio Luis Lula da Silva, o Lulinha. A pedido de Lula, a OAS teria construído um campo de futebol e um tanque de peixes, entre outras melhorias.
Pinheiro também teria afirmado que o tríplex no Guarujá sempre foi tratado, na empresa, como “o apartamento de Lula”. E dito que, a pedido de Lula, teria dado emprego para o marido da ex-chefe do escritório da Presidência da República em São Paulo Rosemary Noronha, amiga do ex-presidente. Ela foi demitida do cargo, depois de ser flagrada em tráfico de influência. De acordo com a revista, Pinheiro também teria pagado, a partir de então, uma mesada para Rosemary, a pedido do ex-presidente.
Por meio de nota, o Instituto Lula não comentou as informações trazidas pela reportagem, mas criticou os autores e a revista “Veja” pelo que chamou de “publicação sistemática de mentiras, calúnias e difamações” contra o ex-presidente.
LULA TENTA NEGAR
Em depoimento à PF, no início do ano, Lula negou ter solicitado à OAS que realizasse reformas no sítio usado por ele, em Atibaia. Em nota divulgada depois de o imóvel ser alvo de operação da PF, Lula sustentou que amigos e parentes “acompanharam parte da reforma e auxiliaram no que era possível”.
“A partir de janeiro de 2011, quando o ex-presidente e seus familiares passaram a frequentar o sítio em dias de descanso juntamente com os proprietários, também houve o auxílio para a manutenção do local”, escreveu a assessoria do ex-presidente, na época.
Em outra nota, Lula também admitiu ter acompanhado as reformas no apartamento do Guarujá, mas teria desistido depois que o caso foi noticiado pela imprensa. Ele sustenta que pagaria pelas reformas no imóvel.
RENAN, JUCÁ E GEDDEL
No sábado, Renan disse que não recebeu vantagens. “As relações do senador jamais ultrapassaram os limites institucionais”, afirmou por meio de sua assessoria. A assessoria de Romero Jucá negou que o senador tenha recebido quaisquer recursos ilegais da OAS. E o ministro Geddel disse não estar surpreso com o conteúdo da citação porque, segundo ele, todas as vezes em que se dirigiu a Léo Pinheiro foi para solicitar recursos de campanha. Ele negou ter feito caixa 2.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Em delação premiada, não existe “teria afirmado”. Ou o delator afirmou ou não afirmou. No caso, é claro que já revelou tudo à força-tarefa, só falta o depoimento oficial. (C.N.)
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