quarta-feira, 18 de maio de 2016

Na Bíblia, os fenômenos mediúnicos são conhecidos como proféticos



Em grego, “demônios” são espíritos bons e maus

José Reis Chaves
O Tempo

Entre os primeiros cristãos, os fenômenos mediúnicos eles eram considerados proféticos e chamados também de pneumáticos, adjetivo esse derivado do substantivo grego “pneuma” (espírito). Hoje, os fenômenos com espíritos, além de serem denominados mediúnicos, são também assim chamados. Porém, o que importa mais são os fenômenos em si, e, principalmente os bíblicos, de que procuraremos demonstrar alguns exemplos.

A Bíblia, de Gêneses até o Apocalipse, está cheia de fenômenos pneumáticos ou mediúnicos. “A lei foi anunciada pelos anjos” (Atos 7: 53). Ora, anjos são espíritos enviados ao nosso mundo. Todo anjo é espírito (“pneuma”), mas nem todo espírito é anjo.

ANJOS E “DEMÔNIOS”

Se Moisés proíbe o contato com os espíritos (Deuteronômio cap. 18), é porque esse contato existe de fato. E ele fala de espíritos dos mortos, e não dos tais “diabos”. E aqui cabe um esclarecimento. Os anjos e demônios são os mesmos espíritos humanos, os já bem evoluídos que são os bons (anjos) e os ainda atrasados que são os maus.

Mas o grego é a língua em que foi escrito o Novo Testamento. Nessa língua, “daimones” são espíritos humanos bons e maus. No singular é “daimon”. Porém, como só se retiram “daimones” maus das pessoas, pois “daimones” bons não nos atormentam, passou-se a entender erradamente que todo “daimon” é mau! Assim, com o decorrer dos séculos, convencionou-se chamar os espíritos maus de demônios.

ANJO BOM E ANJO MAU

Há até uma tradição popular que nos demonstra que, na Bíblia, os espíritos são da mesma natureza dos “daimones”, ou seja, a que fala em anjo bom e anjo mau. E eis outro exemplo desse fato: por analogia com o corpinho morto de uma criança, é comum as pessoas denominam-na de anjinho.

“Restitui-me a alegria da tua salvação, e sustenta-me com um espírito voluntário” (Salmo 51: 12). Não se trata do Espírito do próprio Deus nem do Espírito Santo dogmático da Terceira Pessoa da Santíssima Trindade, mas de um espírito, bom, voluntário (um “daimon” bom).

E lembramos aqui que o Espírito Santo bíblico é uma espécie de coletivo designando todos os espíritos. E, nesse caso bíblico, poderíamos dizer que o Espírito Santo de Daniel é um dos espíritos humanos representados pelo Espírito Santo bíblico, mas não o do dogma (Daniel 13: 45 da Bíblia Católica).

UM ESPÍRITO BOM

Um espírito de um homem macedônio apareceu a Paulo dando-lhe orientação sobre uma viagem (Atos 16: 9). É um espírito manifestante bom, não o do próprio Deus.

“Eis que meterei nele um espírito e ele, ao ouvir certo rumor, voltará para a sua terra; e nela eu o farei cair morto à espada” (2 Reis 19: 7). O espírito não é o de Deus.

“…O espírito de Elias repousa sobre Eliseu” (2 Reis 2: 15). Não se trata também do Espírito do próprio Deus que é recebido pelo grande médium Eliseu.

“Para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da Glória, vos conceda um espírito de sabedoria e de revelação no pleno conhecimento dele” (Efésios 1: 17). Igualmente, aqui, o espírito enviado e recebido não é o do próprio Deus.

MAQUIAGEM DA BÍBLIA

Os exemplos dados escapam da maquiagem que fizeram na Bíblia para esconder os fenômenos mediúnicos ou pneumáticos, grandemente divulgados, hoje, pela doutrina espírita.

E, na sua Vulgata Latina, São Jerônimo (princípio do século 5º) preferiu corretamente a tradução de “spiritus bonus” (“espírito bom”) à de Espírito Santo!

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