Na cidade de Quedas do Iguaçu, clima de guerra entre a PM e o MST
Carlos Newton
Já era esperado. Às vésperas da votação que pode aprovar a possibilidade de afastamento da presidente Dilma Rousseff, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terras (MST) decide colocar suas tropas em ação, para atender ao pedido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que no ano passado, em discurso no Rio de Janeiro, prometeu reagir ao impeachment colocando nas ruas o “exército do Stédile”.
JÁ MORRERAM DOIS
A ameaça se cumpriu. Ao invés de atuar através da invasão de terras improdutivas, para forçar a reforma agrária em latifúndios abandonados, como sempre foi a estratégia do movimento, desta vez o ativista João Pedro Stédile preferiu mandar que os camponeses invadissem terras altamente produtivas, da empresa paranaense Araupel, que opera há quase 50 anos no reflorestamento e exportação de madeiras, rendendo divisas para a balança comercial do país.
O resultado foi trágico. O confronto com a Polícia Militar do Paraná aconteceu na tarde de quinta-feira, no acampamento Dom Tomás Balduíno, e provocou a morte dos sem terra Vilmar Bordin, de 44 anos, e Leonir Bhorback, de 25. A PM diz que foi vítima de uma emboscada, mesmo argumento usado pelos sem-terra. E não interessa quem está dizendo a verdade, embora haja testemunhas de que o primeiro tiro partiu dos sem terra. O fato concreto é que foi iniciado o enfrentamento prometido por Lula, que recentemente proclamou ser o único líder capaz de “incendiar o país”.
10 MIL MILITANTES
“A vingança nossa é ocupando o latifúndio, destruindo essa empresa [Araupel] que causa tantos danos”, afirmou Antonio de Miranda, porta-voz do MST na região, em entrevista ao repórter Luiz Carlos da Cruz, que está fazendo a cobertura do incidente para a Folha de S.Paulo.
A liderança do MST mobilizou as lideranças dos Estados mais próximos, para reunir forças e levar mais de 10 mil militantes para uma grande manifestação no centro de Quedas do Iguaçu, neste sábado. Por enquanto, a responsabilidade pelo controle da situação está a cargo da Polícia Militar paranaense. O comandante regional da PM, tenente-coronel Washington Lee Abe, já avisou que as retaliações do MST não serão toleradas. Mas ninguém sabe o que pode acontecer.
Se realmente o MST reunir 10 mil camponeses nesse ato de protesto, a situação pode ficar incontrolável. Para ser ter uma ideia da gravidade do problema, a cidade de Quedas do Iguaçu tem apenas 32 mil habitantes e vai ser difícil arranjar alimentação para o exército dos sem terra. As Forças Armadas, que teriam de intervir, têm poucas unidades na região, precisam de reforço urgente.
CONTER O IMPEACHMENT?
Aonde isso vai dar, sem a menor dúvida, ninguém poder prever. Os ministros Marco Aurélio Mello, do Supremo, e Edinho Silva, do governo, recentemente deram declarações falando sobre a possibilidade de mortes por causa do impeachment. Edinho ameaçou com “o primeiro cadáver” e surgiram logo dois. Acontece que invadir uma empresa privada, altamente produtiva, não é mesma coisa que ocupar um latifúndio abandonado por um milionário sem disposição de usar as terras.
O mais incrível é imaginar que esses imbecis que lideram o MST e o próprio Lula possam imaginar que colocar o “exército do Stédile” nas ruas poderá conter o impeachment. O único resultado que pode haver será a multiplicação dos cadáveres. que pode colocar em risco esse simulacro de democracia. Mas eles não se importam com isso, somente se interessam pelo poder.
http://www.tribunadainternet.com.br/stedile-coloca-o-exercito-em-acao-e-ameaca-a-democracia/
Nenhum comentário:
Postar um comentário