sábado, 9 de abril de 2016

Santa Teresa usa bonde para mobilizar bairro contra o Aedes aegypti

09/04/2016 15h09
Rio de Janeiro
Paulo Virgílio – Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - O bonde de Santa Teresa mobiliza os moradores do bairro no combate aos focos do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, do vírus Zika e da febre chikungunyaPaulo Virgílio/Agência Brasil

Para mobilizar os moradores no combate aos focos do mosquito Aedes aegypti – transmissor da dengue, do vírus Zika e da febre chikungunya – o bairro de Santa Teresa, na região central do Rio, se valeu neste sábado (9) do seu mais conhecido símbolo: o tradicional bonde. Organizado pelo Centro Municipal de Saúde do bairro, com o apoio de lideranças comunitárias e da concessionária do bonde, o evento começou às 10h, quando um bonde partiu do Largo da Carioca, no Centro, com agentes de saúde e moradores distribuindo panfletos, ao som de sambas, marchinhas e choros executados por um grupo de músicos.

No Largo dos Guimarães, o bonde parou para um encontro com o bondinho-mosquito, uma réplica em tamanho reduzido do veículo, criada por um conhecido artista plástico do bairro Getulio Damado. Devidamente caracterizado de Aedes aegypti, o bondinho trazia uma faixa com oslogan da campanha: Sou parceiro do meu bairro.

A iniciativa não é novidade no bairro. “Nós sempre fizemos nossas campanhas de prevenção e de promoção de saúde usando esse símbolo, que é o bonde. Só paramos nesse período que o bonde ficou sem circular [em função do grave acidente ocorrido em 2011]. Com a volta agora, nós resgatamos o bonde como um aliado em nossa campanha”, explicou a médica Cristina Gonçalves, diretora do centro de saúde.


Rio de Janeiro - No Largo dos Guimarães, o bondinho-mosquito, uma réplica em tamanho reduzido do bonde de Santa Teresa, trazia uma faixa com o slogan da campanha: Sou parceiro do meu bairro Paulo Virgílio/Agência Brasil

De acordo com Cristina, o desafio da campanha é trabalhar com a população a possibilidade de reduzir o índice de infestação do Aedes aegypti, complementando o trabalho feito no dia a dia pelos serviços de saúde e pelas equipes da Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb). “É preciso intensificar o olhar da população para a prevenção”, disse.

Na área atendida pelo Centro Municipal de Saúde Ernani Agrícola, que compreende o bairro de Santa Teresa, foram notificados desde o início do ano, segundo a diretora, 20 casos suspeitos de dengue e 85 de zika, todos sendo acompanhados. “Nós temos a responsabilidade local não só de cuidar mas também de fazer as ações de prevenção e de vigilância”, enfatizou Cristina Gonçalves.

Agente de vigilância em saúde, Demétrio Borges vem executando ações de prevenção há três semanas, cada dia em um ponto do bairro. “Santa Teresa não é um bairro com um número grande de casos, como outros da cidade, mas a gente não quer esperar: é preciso mobilizar a população antecipadamente. Fizemos cinco ações anteriores à de hoje, sempre com os agentes fazendo vistorias nos imóveis, procurando criadouros e orientando a população a fazer o mesmo”, contou.

A líder comunitária do Morro dos Prazeres Zoraide Francisca Gomes, a Cris dos Prazeres, disse que o engajamento da sua comunidade no combate ao Aedes aegypti começou através do grupo Proa e do projeto Reciclação, com uma mobilização que reuniu cerca de 200 pessoas de todas as faixas de idade. “A gente fez uma grande coleta de material descartado de forma irregular, o chamado lixo corriqueiro, que também se torna foco do mosquito”, contou.

Depois do encontro com o “bondinho-mosquito”, o bonde retornou, em mais um viagem especial, ao Largo da Carioca. No trajeto, os passageiros que embarcavam recebiam folhetos e eram convidados a se engajar na campanha.

Edição: Denise Griesinger
Agência Brasil

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