sexta-feira, 1 de abril de 2016

Presidiário vai parar em hospital após ser estuprado em cela em Juiz de Fora

31/03/2016 16h55 - Atualizado em 31/03/2016 19h05

Do G1 Zona da Mata

Dois detentos foram levados para a Delegacia de Plantão
(Foto: Reprodução/TV Integração)

Um presidiário de 30 anos foi agredido sexualmente dentro da cela em que estava, no Centro de Remanejamento do Sistema Prisional (Ceresp) de Juiz de Fora, no Bairro Linhares. De acordo com o Boletim de Ocorrência (BO) da Polícia Militar (PM), ele vinha relatando agressões há vários dias, mas na noite da última terça-feira (29), precisou ser levado ao Hospital de Pronto Socorro (HPS) com ferimentos por todo o corpo.

O advogado da vítima falou com o G1 na tarde desta quinta-feira (31) e informou que a agressão foi feita por um grupo de nove pessoas e que o cliente está em coma. A Secretaria de Saúde (SS) informou, também na tarde desta quinta, que o paciente está sedado, em estado geral grave, na Sala de Urgência do HPS.

O G1 entrou em contato com a assessoria da Polícia Civil, que informou que o caso será investigado pela 5ª Delegacia. A Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) confirmou a ocorrência e disse que foi instaurado um procedimento interno para apurar os fatos.
Detento está na Sala de Urgência do HPS, sedado e em estado grave
 (Foto: Reprodução/TV Integração)

A PM relatou que foi chamada ao Ceresp por volta das 23h e ouviu do solicitante que a vítima vinha relatando agressões há vários dias e que na quarta teria sofrido novamente, em volume muito desproporcional. O presidiário foi conduzido ao HPS, onde foi diagnosticado com hematomas nas costas, laceração anal, trauma de reto e contusões nos ombros e nas pernas.

Segundo o BO, o homem ficou internado no local para que passasse posteriormente por uma avaliação de um médico proctologista, que indicaria a necessidade ou não de cirurgia. Dois suspeitos de autoria das agressões, de 23 e 30 anos, foram detidos em flagrante pelos agentes penitenciários e conduzidos à Delegacia de Plantão pelos policiais militares.

Advogado questionou estrutura do local
O advogado do presidiário, Emanuel Lima Cruz Neto, relatou indignação com o caso. “Meu cliente foi abusado por outros nove detentos e, por conta disso, está em coma, sem previsão de alta. A família está muito abalada e a mãe não sabe o que fazer. Inicialmente, deram a informação de que ele teria sido agredido, mas não abusado. Estamos perplexos”, contou.

Neto ainda criticou a estrutura física do local em que o presidiário estava e o acompanhamento do Estado de Minas Gerais ao preso. “A cela deveria ter seis detentos e tinha 29, os direitos humanos foram brutalmente violados. Já acionei a Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e vamos ingressar com uma ação contra o Estado, que tinha responsabilidade pela custódia dele e falhou”, disse.

Ainda segundo o advogado, o presidiário é natural da cidade de Rio Novo e responde pelo crime de tráfico de drogas. Ele teria uma audiência na próxima terça-feira (5).

Seds instaurou procedimento interno
A Seds enviou nota ao G1 afirmando que o detendo acionou os agentes penitenciários, relatou as agressões e acusou dois colegas de cela, que foram identificados, conduzidos à delegacia e autuados em flagrante. A partir de agora, de acordo com a nota, vão responder também pelo crime de lesão corporal. Os dois retornaram ao Ceresp.

A direção-geral de unidade penitenciária instaurou um procedimento interno para apurar as circunstâncias e a veracidade do caso. Sobre a capacidade superior à permitida na cela, informada pelo advogado, a secretaria preferiu não se manifestar, por motivos de segurança.

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