Por: Reinaldo Azevedo 18/03/2016 às 17:50
A presidente Dilma Rousseff foi a Feira de Santana, na Bahia, entregar unidades do programa Minha Casa Minha Vida. A um público selecionado a dedo, afirmou o seguinte sobre o conteúdo dos grampos telefônicos:
“Essa conversa apareceu gravada, grampeada, e aí é um fato grave. Grampo na Presidência da República ou para qualquer um de vocês não é algo lícito. É algo ilícito. E é previsto como crime na legislação. O grampo à minha pessoa não é por ser eu, Dilma, é por eu ser presidenta”.
Eu poderia oferecer um contra-argumento mais retórico do que técnico a Dilma, embora uma retórica assentada na realidade.
Eu diria que presidenta que frauda a contabilidade para fraudar as urnas também deveria ser presa.
Presidenta que talvez não roube, mas que deixa roubar, deveria ser presa.
Presidenta que urde com um companheiro um plano de intervenção extralegal na Polícia Federal e no Ministério Público Federal deveria ser presa.
Presidenta que nomeia um ministro de estado com o fito de livrá-lo da cadeia, o que está mais do que comprovado, também deveria ser presa.
Notem que essa linguagem a que apelo busca o contraste, desmoralizando o adversário retórico com suas flagrantes ilegalidades.
Mas prefiro ficar na resposta técnica. Dilma não foi grampeada. Grampeados foram outros entes e pessoas que estão sob investigação. O problema é que eles todos estavam em linha direta com a presidente da República.
Dilma se sente confortável ao ouvir de um investigado, que ela transformou em ministro, que os tribunais superiores estão acovardados? Dilma se sente confortável ao ouvir desse mesmo investigado que eles precisam se reunir para fazer “alguma coisa” sobre Ministério Público Federal e Polícia Federal?
Mais: não se tratou de escuta ilegal, mas legalmente determinada. A quebra do sigilo dessas mensagens, dado o contexto, é plenamente justificada. A única área de debate será o uso das gravações feitas quando já suspensa a quebra do sigilo. Muito provavelmente, não poderão ser empregadas como prova. E fim de papo.
Eu fiquei com vontade de fazer mais um contraste. Presidenta que diz que impeachment, ancorado na Constituição e na lei e ritualizado pelo STF, é golpe também deveria ser presa por afronta à Carta Magna.
Eu fico ainda com vontade de prender presidente que nomeia um investigado para ministro, ferindo o Artigo 85 da Constituição e a lei 1.079, que trata da probidade administrativa.
Dilma, Lula e o PT perderam a interlocução com a sociedade e o eixo. O mico da manifestação desta sexta indica isso. Embora seja uma tramoia urdida por aparelhos, não conseguem arregimentar ninguém. As hordas que vi nas ruas mal disfarçavam o seu caráter de gente arregimentada a soldo.
Dilma resolveu caprichar nos exemplos. Afirmou:
“É importante a gente não voltar atrás na história. Não sei se vocês sabem, mas nos anos 20 do século passado, como é que funcionava a polícia. Aqui no Estado da Bahia e em todo o Brasil. A polícia prendia não porque aquele ou aquela estavam cometendo delito, mas prendiam para seguir interesses dos coronéis. Como funcionavam os juízes? Também prendiam para satisfazer os interesses dos grandes proprietários e das grandes fortunas desse país”.
Pois é… Dilma nomeou Lula ministro só para que o afortunado, hoje o maior coronel do país, não corresse o risco de ser preso pelo juiz Sergio Moro.
Ademais, em matéria de grandes fortunas, a canalha do petrolão tem muito a ensinar!
Vá pra casa, ex-presidente Dilma! Deixe-nos em paz!
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/dilma-rousseff-quer-prender-sergio-moro-e-eu-quero-prender-dilma-rosseff/
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