quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

HOMENAGEM AOS PACIENTES DA REDE PÚBLICA DE SAÚDE


Charge de Ivan Cabral, reprodução de Charge Online

Eduardo Aquino
O Tempo

Paciência, haja paciência! A ciência da paz, virtude maior dos bem-aventurados. Mais que uma virtude, é quase um estado de espírito dos calmos, serenos e prudentes. Em tempos de intolerância, num mundo rápido, acelerado, com tons de agressividade, sensação de radicalismo e ódio, a paciência é um bálsamo, um tranquilizante que permite a humanização e empatia.

O indivíduo paciente, de forma generosa, empresta seus ouvidos ao aflito, ao hiperpreocupado, sendo um terapeuta leigo e desapegado, que tem a compaixão por seu semelhante. Num ambiente tão individualista e indiferente, o exercício da paciência é de uma cidadania e civilidade única. A calma, assim como o estresse, é contagiosa. Ambientes familiares, de trabalho ou até mesmo social, se impregnam dessas influências. O arbítrio nosso do dia a dia é se queremos adoecer com o estresse, a angústia, a agitação ou se desejamos a paz de espírito, a compreensão, o bem-estar. A paz e a ciência. A ciência da paz. Paciência…

Dito isso, homenageio os pacientes, impacientes com a falta de acolhimento que a área de saúde transborda em tempos críticos. Homenageio aos que acometidos por intenso sofrimento físico e/ou psíquico, e/ou espiritual, mendigam um mínimo de atenção, carinho, por parte de ajudadores, ainda que esses estejam sobrecarregados, mal remunerados, desvalorizados. Mas nós, que optamos por acolher pacientes, lidar com a vida humana, seus transtornos, feridas e dores, temos que ter o dom da paciência, da arte de compreender os que nos procuram no desespero e desamparo, ainda que sublimando toda precariedade que nos cerca.

FALIDOS DE RECURSOS

Sei que estamos falidos de recursos, atenção, material, estrutura, mas tal como num front de guerra, segurar a mão, oferecer uma palavra que alivie, doar um tempo de carinho e solidariedade já nos torna uma luz para os desesperados que nos aguardam em filas desumanas, em postos e pronto-socorros ou nos consultórios.

Como é triste ver o descrédito e até violência numa relação antes tão sagrada como a médico-paciente ou outros profissionais de saúde. Que pena a falta de fé e confiança!

Pois somos frutos da mesma árvore, somos iguais até no sofrimento e dor. Quisera eu que todos nós da área de saúde um dia trocássemos o papel e nos víssemos como pacientes ou com aquele que necessita de ajuda. Mas, nesse exercício de humildade verdadeira, também lembrássemos que, como tudo nesta vida, somos falíveis, erramos, somos incompletos e imperfeitos. Paciência! Sempre…
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