14/02/2016 11h45
Rio de Janeiro
Vinicius Lisboa - Repórter da Agência Brasil
Reunidos pelas redes sociais, os foliões em pernas de pau no Monobloco chamaram a atenção do público no desfile deste ano. O que a multidão que acompanha o desfile não sabe é que há apenas três meses a maior parte deles nunca tinha experimentado caminhar nas alturas.
O Monobloco usou as redes sociais para atrair interessados em desfilar sobre pernas de pau -Vinicius Lisboa/Agência Brasil
Em uma parceria com a atriz Raquel Potí, o Monobloco usou seus perfis em redes sociais para chamar interessados em desfilar nas pernas de pau. Não era exigida qualquer experiência, e a turma que se manifestou participou de aulas uma vez por semana com a atriz para conseguir cruzar a Rua Primeiro de Março com pelo menos 70 centímetros a mais de altura.
A professora de biologia Natalia Sant'Anna conta que, no primeiro dia, chegou pouco confiante, mas já conseguiu ficar de pé sobre a perna de pau. Hoje, com 90 centímetros a mais, ela experimenta acompanhar o bloco de uma altura de 2,66 metros.
"É uma delícia sentir o ventinho aqui de cima. Curti muito mais o carnaval", diz Natália, em um dia de forte calor no centro do Rio. "Está sendo maravilhoso, porque sempre tive medo de altura e agora estou aqui".
A professora se lembra do começo das aulas: "A Raquel deixou todo mundo confiante. Na primeira aula, todo mundo já andou", conta ela, que planeja levar a atividade para as aulas: "Trabalho em um projeto lúdico com crianças e quero levar isso aqui para os pequenos."
Com uma perna de pau de 1,20 metro, a professora conta que é difícil conversar com os alunos durante o desfile, mas vê na expressão deles a satisfação por fazer parte da festa: "A gente se olha muito aqui de cima. Aqui tem mãe, tem filho, tem gente de várias idades."
O trabalho de Raquel esteve em 17 blocos só neste carnaval, sucesso que ela comemora em seu terceiro ano de carnaval do Rio. Enquanto o grupo atraía a atenção dos foliões no Monobloco, o produtor cultural Igor Conde estava ali para garantir que nada desse errado. Ele retirava latinhas e copos plásticos do caminho dos artistas, reforçava as pernas de pau quando ficavam frouxas e dava água para que não precisassem se abaixar.
O grupo atraiu a atenção dos foliões que acompanham o Monobloco
Vinicius Lisboa/Agência Brasil
"Aqui eu jogo no meio de campo, cabeceio e faço gol", brinca ele, que trabalha com Raquel há dois anos e também sabe andar nas pernas de pau, mas hoje acompanha o desfile de baixo. "Aqui faço todo o apoio de chão".
O desfile das pernas de pau encantou Jacira da Cunha, de 59 anos. Em seu segundo ano de Monobloco, ela ficou suspresa ao saber que o treinamento durou apenas três meses. "Sério? Acho esquisito isso, porque estão de parabéns. Estão indo muito bem."
Edição: Juliana Andrade
Agência Brasil
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