17/12/2015 19h56
Rio de Janeiro
Alana Gandra - Repórter da Agência Brasil
A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) inaugurou hoje (17), no Rio de Janeiro, o cardiômetro, um totem itinerante que registra as mortes causadas por doenças cardiovasculares em tempo real. Foi lançada também a versão digital do serviço, que já pode ser acessada no endereço www.cardiometro.com.br. A inauguração marcou a posse da nova diretoria da SBC, cujo presidente é o cardiologista mineiro Marcus Vinícius Bolívar Malachias.
Em entrevista à Agência Brasil, Malachias afirmou que a ideia ”é ter uma avaliação em tempo real de quantas pessoas morrem a cada segundo, minuto, dia, mês, ano por doenças cardiovasculares, que são a primeira causa de morte no Brasil e no mundo”. Ele disse que, para se ter uma ideia da magnitude disso, uma pessoa morre a cada 39 segundos. “Mais de 500 pessoas por dia morrem do coração”. As pessoas, muitas vezes, não têm essa percepção, disse o especialista. “É como se quatro aviões comerciais caíssem todo dia, sem sobreviventes. Esse é o número das doenças cardiovasculares no Brasil."
O cardiômetro deverá percorrer todo o país, ao longo do próximo ano, em eventos científicos organizados pela SBC. Malachias disse que a população tomará conhecimento, por exemplo, que mais de 330 mil mortes já ocorreram no país desde o dia primeiro de janeiro deste ano até as 13h52m de hoje (17).
Os dados oficiais de mortes por doenças cardiovasculares são divulgados pela SBC de dois em dois anos. O novo presidente da sociedade explicou que as informações disponibilizadas pelo cardiômetro resultam de cálculos aplicados pelas equipes de epidemiologia cardiológica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da SBC, projetados com base em números dos últimos 20 anos. Os dados objetivam fazer um alerta às pessoas, para que elas possam se cuidar.
A maioria das doenças cardiovasculares poderia ser evitada ou postergada com medidas simples de prevenção, disse o presidente da SBC. “Ou seja, estamos morrendo muito de coisas que poderiam ser evitadas”. De todas as áreas da medicina, a cardiologia é a que tem mais conhecimento dos fatores de risco que levam à mortalidade. Entre eles, Malachias destacou a hipertensão, colesterol elevado, tabagismo, obesidade, sedentarismo, diabetes, além da hereditariedade.
O que se vê hoje, no dia a dia, segundo o especialista, é que as pessoas não temem a doença cardiovascular, que “se banalizou” e, por isso, acabam não controlando efetivamente esses fatores. Dados da SBC mostram que apenas 20% dos hipertensos estão controlados no Brasil. No tabagismo, o Brasil avançou muito: apenas um terço das pessoas que fumavam há dez anos continua fumando.
Divulgar os números da morte cardiovascular no país é a primeira ação do novo presidente da SBC. A entidade reúne 14 mil cardiologistas. Marcus Malachias ressaltou que, no Brasil, morrem pessoas do coração e das doenças circulatórias duas vezes mais que todos os tipos de câncer reunidos; morrem duas e meia vezes mais que todos os acidentes e violência, que esta é a terceira causa de morte depois do câncer; e morrem seis vezes mais que as pessoas acometidas de infecções, incluindo a Aids. “Estamos morrendo muito cedo, adoecendo muito cedo, com um número de aposentadorias e de invalidez muito grande pelas doenças do coração. Há uma alta mortalidade, uma alta morbidade, que a gente acredita que poderia ser evitada”.
Malachias afirmou que, atualmente, a medicina tem condições de preservar mais a vida, tanto em termos de qualidade, como de quantidade. No cardiômetro, a população encontrará informações de como prevenir as doenças do coração; como controlar os fatores de risco, ou como proceder no caso de presenciar uma parada cardíaca. O totem vai circular pelas cidades, chamando a atenção das pessoas, como uma forma de alerta.
Edição: Maria Claudia
Agência Brasil
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