Cidade de pouco mais de 6.000 habitantes está embaixo de lama e minério
PUBLICADO EM 06/11/15 - 07h28
FERNANDA VIEGAS
BÁRBARA FERREIRA
O rompimento de duas barragens de rejeitos de minério, da mineradora Samarco, nessa quinta- feira (5), também atingiu a cidade de Barra Longa, a cerca de 61 quilômetros de Bento Rodrigues, distrito de Mariana, na região Central de Minas Gerais. Ainda não se sabe o causou o rompimento das barreiras. A Prefeitura de Barra Longa decretou situação de emergência e o município está sem água.
Minério e lama tomaram conta do centro da cidade, que está irreconhecível. "Está uma coisa absurda. Nunca vi nada igual", desabafa a professora Carmem Lisboa, 47.
Barra Longa passa por um momento longo de estiagem, e os moradores pedem ajuda. Na cidade há 6.143 habitantes, segundo último censo demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e estatística.
Um morador limpava a rua e contou à reportagem de O TEMPO como foi a madrugada e a manhã desta sexta. Assista:
Segundo o sargento José Carlos Brandão da 21ª Companhia Independente da Polícia Militar, não há pessoas em perigo e não há registro de feridos. "Tem gente que não está conseguindo acessar a sua casa e vamos auxliá-las". O minério e sua lama alcançaram o rio Gualacho, que corta a cidade, por volta das 3h desta sexta-feira.
"Temos um dano ambiental irreparável", concluiu o sargento.
O Corpo de Bombeiros teme que o minério se espalhe e chegue a hidrelétrica do Consórcio Candongas, em Ponte Nova. "O assoreamento está tomando conta, e o sedimento está seguindo em direção a hidrelétrica", afirmou o sargento Alisson Benício do Corpo de Bombeiros de Ponte Nova.
De acordo com a prefeitura, estima-se que 50 casas foram afetadas. Ainda, o executivo afirma que, no total, dois distritos da zona rural foram devastados, Gesteira e Barreiro.
A praça principal de Barra Longa e dois bairros estão embaixo da lama. Ainda, a margem do rio foi destruída em mais ou menos 30 KM, segundo o prefeito Fernando Carneiro. Ele estima um prejuízo de R$ 6 milhões. Plantações e produção de leite, que são a base da renda do município, foram destruídos.
A zona rural da cidade também foi tomada. Segundo moradores, apenas uma casa e uma escola, no distrito de Gesteira não foram tomadas pelo lamaçal.
Máquinas da prefeitura começam a limpeza das ruas. O mau cheiro é forte na cidade. O prefeito acredita que as crianças da zona rural não devem conseguir terminar o ano letivo, já que o único colégio na zona rural, desabou e as estradas estão todas destruídas.
Jornal O Tempo
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